Hugh Laurie, famoso por interpretar o Dr. House na bem sucedida série de TV House, faz a linha de frente do elenco desta comédia que também se pretende uma reflexão sobre casamento e felicidade.
Duas famílias vizinhas, que vivem na pequena cidade de West
Orange, em Nova Jersey (daí o título original “The Oranges”), passam por uma
crise que as empurra para fora de suas zonas de conforto. A consequência disso será o desmascaramento da apatia
de seus casamentos.
David (Hugh Laurie) e Terry (Oliver Platt) são melhores
amigos de muitos anos, assim como suas famílias, cujos filhos cresceram juntos.
Uma amizade em que, entre outras coisas, os levam a estarem sempre reunidos.
David é casado com Paige (Catherine Keener). Eles têm dois
filhos já adultos. Toby (Adam Brody) é bem sucedido na carreira e está sempre viajando. Já Vanessa (Alia Shawkat) pretende se mudar para Manhattan e trabalhar em
uma grande empresa, mas, sem perceber, está sempre colocando obstáculos e adiando
sua saída da casa dos pais.
Do outro lado da rua está a família de Terry e Cathy (Allison
Janney). Sua única filha, Nina (Leighton Meester), volta para casa depois de
cinco anos fora trabalhando como chef de cozinha. Ela acaba de sofrer uma decepção
amorosa.
Como o título nacional e os cartazes promocionais revelam de imediato, David irá se envolver com a filha de seus vizinhos quando esta retorna para casa. A descoberta da relação entre os dois será o desencadeador de mudanças e traumas, além dos típicos sentimentos que passam pela raiva e pela vergonha ressentida.
A Filha do Meu Melhor Amigo
surge assim como mais um filme sobre casais cujos casamentos se deterioraram sem que estes percebessem, e seus filhos, desajustados neste processo. Mas tenta, também, oferecer uma
polêmica a respeito de preconceitos com relacionamentos entre pessoas de idades muito
diferentes e ainda uma reflexão sobre relacionamentos, compromisso e
felicidade.
Todo esse leque não é apenas mais do que o filme é capaz de desenvolver como também contribui para que o resultado seja superficial, contaminado pela artificialidade das situações e dos personagens. Já a comédia fica para segundo plano, diluída nas tentativas desastradas de fazer graça com o drama que se cria com toda a constrangedora situação.
Na narrativa, não há nada de inovador, exceto uma estranheza
no giro rápido com que as coisas se dão. Há nisso uma aparente tentativa de
impor agilidade ao filme, mas que serve apenas como contribuição à sua excessiva superficialidade.
Sua mensagem tampouco é nova. Fala de mudanças, da
resistência a mudanças e de como muitas vezes essas mudanças, mesmo as que vêm
como ruptura, podem ajudar as pessoas a avançarem em suas vidas. É, na
verdade, um filme sobre mover-se, sobre seguir adiante.
Mas além dessa enfadonha obviedade, há no desenvolvimento da história uma total falta de aplicação do sentimento. Nem o já reconhecido talento
de Hugh Laurie se faz presente em sua atuação, o mesmo podendo ser dito sobre o
restante do elenco, apático e sem emoções convincentes.
Pela grande quantidade de temas que quer mencionar e pela
grande superficialidade com que tudo é construído, A Filha do Meu Melhor Amigo não vai além de uma tentativa de
comédia e reflexão sobre relações e sentimentos na busca da felicidade. Nesse
apressado trajeto, o curioso é o quanto o filme se torna, sem perceber, vítima
da mesma apatia que quer revelar e solucionar através de seus personagens e das situações em que se vêem englobados.
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The Oranges
Julian Farino
EUA, 2011
90 min.
Trailer
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