Copacabana
Marc Fitoussi
França/Bélgica, 2010
120 min.
Em toda sua duração, “Copacabana” não tem uma única cena na
famosa praia carioca. A única praia que aparece no filme é bem mais modesta em
termos de sol e fama: uma estação de veraneio belga em baixa temporada. Nesta comédia
francesa, o que justifica o título é a paixão que sua protagonista tem pelo
Brasil; além da trilha sonora só com canções daqui.
Babou (Isabelle Huppert, com um carisma contagiante) é uma
mulher de meia-idade que não consegue se enquadrar nos padrões convencionais. Dona
de efusiva espontaneidade jovial, nunca deu grande importância a coisas como
emprego, estabilidade ou status. Leva a vida sempre com bom humor e tem o
grande sonho de conhecer o Brasil.
Sua filha Esméralda (Lolita Chammah, filha de Isabelle na
vida real) é o oposto. De personalidade forte e caráter conservador, está
sempre em atrito com a mãe, que julga infantil e irresponsável. Prestes a se
casar, anuncia que o fará na igreja, de véu e grinalda, numa cerimônia que
Babou considera careta. Mas o pequeno desagrado se transforma em profunda
decepção quando a filha pede a ela que não vá ao casamento. Não apenas porque
Babou não tem dinheiro para ajudar nas despesas da festa, mas também por medo
de que ela a envergonhe diante de todos.

Toda a situação serve de esteira para trabalhar superficialmente
os conflitos de gerações, mas de forma invertida. Neste caso, a geração mais
antiga se mostra muito menos careta que a juventude. Na figura de Babou,
rebelde e humanitária, o filme também alfineta o competitivo mercado de
trabalho, revelando uma grande falsidade nas relações profissionais.

A mistura funciona bem. Especialmente quando Babou se
empolga em exibir seu estranho e rígido “gingado”, mostrando que seu amor pelo
Brasil está no coração, mas passa longe dos pés e da cintura.
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