Projeto X surgiu
como um filme-incógnita. Não apenas pelo “x” do título, mas pelo conteúdo
estranho que seus trailers exibiam: cenas de uma festa com aquela estética de comercial
de vodka. Mas quando o filme completo se revelou em sua dimensão de absoluto descontrole,
surpreendeu imensamente. E causou risos como há muito tempo eu não via – e não
ria – em uma plateia de cinema.
Não há nada de genial ou original na composição desta
comédia sobre descontrole e ímpeto juvenil. Nem mesmo em sua estrutura, que
recorre ao batido recurso da câmera amadora filmando tudo o tempo todo como
registro de fatos reais. Este recurso, aliás, já serviu como artifício para
impingir às imagens e às histórias uma aura de verdade, de realidade
documentada. Hoje, se apresenta apenas como uma muleta que invariavelmente
apresenta buracos estruturais e não convence ninguém. Mas até isso funciona de
forma integrada em Projeto X, não
como um recurso articulado, mas como um efeito intensificador do absurdo.
Thomas (Thomas Mann) está fazendo aniversário; 17 anos. Seus
pais vão viajar no final de semana e o jovem, fortemente influenciado por seu
amigo Costa (Oliver Cooper) e auxiliado pelo gordo JB (Jonathan Daniel Brown),
pretende dar uma festa em sua casa. É claro que seus pais desconfiam disso, mas
consideram o filho e seus amigos tão pouco descolados que simplesmente não
cogitam que a coisa vá além de algumas pizzas, videogame e meia dúzia de amigos
bobocas.
Mas a ideia de Costa é fazer uma festa para mudar a imagem
que ele e seus amigos têm na escola. É a chance de se tornarem populares e
conseguirem ficar com aquelas garotas que nem sabem que eles existem. Contudo,
nenhum deles poderia imaginar que a notícia da festa se espalharia de forma tão
rápida e muito menos a proporção catastrófica que as coisas tomariam.
Abusando de piadas sexistas e dando um dedo médio para o
politicamente correto, Projeto X abre
com uma mensagem se desculpando com as autoridades locais pelo que vai ser
mostrado a seguir. Seus 20 minutos iniciais, que mostram os preparativos para a
festa, causaram mais risos do que a maior parte das comédias lançadas no ano
passado. É besteirol, mas um besteirol que articula e resgata um tipo de
irresponsabilidade e excitação juvenil que qualquer um que tenha sido jovem já
sentiu. Por isso é engraçado, porque é catártico e porque é realizado com
autenticidade, em um tom espontâneo e convincente.
Por ser sexista, pode não agradar ao sexo feminino, que não
compartilha do mesmo tipo de humor desbocado e safado que o filme promove. O
que, como bem lembrou um amigo crítico, não é diferente da relação masculina
com Sex and the City. Talvez para
amenizar a resistência do público feminino o roteiro de Projeto X apresenta seu grande defeito quando em meio à anarquia
coloca uma dose de sentimentalismo. O “alívio romântico” acaba por desvirtuar o
que o filme tem de melhor que é sua anticaretice e total entrega ao anárquico e
irresponsável.
Mesmo com esta falha, Projeto
X se sai muito bem como comédia. Sem grandes pretensões, atualiza um gênero
que tem em sua linhagem filmes como A
Última Festa de Solteiro e Curtindo (1984) a Vida Adoidado (1986). Tem personagens impagáveis e um
desdobramento de proporções absolutamente inesperadas. É de todo absurdo monumental
que vem grande parte de seu humor e talvez um certo fascínio pelo tom lendário
que a festa e os personagens vão tomando. E além de boas gargalhadas, há o
assombro, que cresce cada vez que se percebe o quanto uma simples festa vai se
tornando um evento de descontrole sem precedentes.
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Project X
Project X
Nima Nourizadeh
EUA, 2012
88 min.
Assista ao trailer
2 comentários:
o filme e veridico?
O filme e muito manero
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