sexta-feira, fevereiro 17, 2012

O Homem Que Mudou o Jogo


  

Moneyball
Bennett Miller
EUA, 2011
133 min.

Em 2002, Billy Beane, manager do Oakland AThletics, um time médio de baseball da Califórnia, abalou as estruturas da liga profissional de baseball nos EUA. A história desse abalo foi contada no livro Moneyball: The Art of Winning an Unfair Game, de Michael Lewis, lançado em 2003. É para contar esta história que Brad Pitt encarna o papel de Billy Beane em O Homem Que Mudou o Jogo, filme que estreia nesta sexta-feira.

Mesmo longe do patamar de equipes como Red Sox e New York Yankees, em 2001 o Oakland conseguiu chegar as finais da liga. Isso graças a estrelas como Jason Giambi e Johnny Damon. Mesmo assim, sucumbiu diante dos Yankees. Após a derrota, Billy vê seus melhores jogadores sendo levados por times com mais dinheiro. Sem cacife para repor as estrelas pedidas, não sabe como poderá montar um time para a próxima temporada.

É quando conhece Peter Brand (Jonah Hill, em ótima atuação). Formado em economia, recém-saído da universidade, Brand não tem nenhuma experiência no mundo do baseball. Contudo, ele desenvolveu um modelo matemático que analisa os atletas da liga através de estatísticas. Segundo ele, essa fórmula demonstra que jogadores desprezados por outros times – e, portanto, mais baratos – podem dar melhores resultados do que as estrelas mais bem cotadas.

Até então, o arcaísmo arraigado na cultura do baseball chegava ao ponto de a aparência do jogador, e também de sua namorada, contarem a favor ou contra sua contratação. Quando Billy passa a implantar o modelo de Brand, a resistência que sofre é enorme. Dos conselheiros do time à imprensa esportiva, passando pelo técnico Art Howe (Philip Seymour Hoffman), todos se colocam contra ele.

Mas há outro fator que pesa sobre os ombros do dirigente. A determinação dele em mudar as coisas está ligada a frustrações com seu passado de jogador. Quando jovem, ele largou os estudos por um contrato com uma grande equipe que via nele uma promessa do baseball. Mas sua carreira como jogador foi decepcionante.

Embora pareça ser um filme sobre baseball, O Homem Que Mudou o Jogo é sobre a necessidade de mudar, de correr riscos e de alcançar alguma realização. É sobre aquele desejo que todos temos de um dia fazer algo que faça diferença.

Apesar de uma atuação mediana de Brad Pitt, o filme consegue criar um arco que vai além de falar sobre um esporte quase indecifrável para nós brasileiros. Fala de um sujeito que se sente perdido, que aposta suas fichas quase às cegas apenas porque não suporta mais se sentir fracassado. E para isso está disposto a brigar com tudo e com todos.

O arco dentro da história que melhor ilustra isso está na relação de Beane com sua filha de 12 anos. Será através dela que ele conseguirá entender a si mesmo e compreender o que busca e aonde quer chegar, por mais intangível que tudo isso seja.

Dirigido por Bennett Miller (indicado ao Oscar de direção em 2006 por “Capote”), o filme evita muito bem clichês sobre superação e vitória, típicos de filmes sobre esportes. Por outro lado, tem um ritmo morno, o que esfria um pouco a história. Isso pode ser atribuído, talvez, ao efeito burocrático do esporte que é seu tema. Mas o roteiro reserva uma sacada de grande sensibilidade no final, quando o arco se completa e Beane finalmente tem uma catarse de si mesmo, algo que vinha lhe escapando durante todo o filme.
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