sábado, outubro 01, 2011

Contra o Tempo



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Duncan Jones
EUA, 2011
93 min.

Uma edição competente, que não deixa o ritmo cair, é o melhor achado de “Contra o Tempo”, filme que estreou neste final de semana. Thriller de ficção científica, com princípios quânticos na lógica de seu argumento, o filme poderia escorregar para uma narrativa burocrática. Contudo, isso é evitado graças a explicações simples e ágeis do mecanismo, com metáforas que funcionam para fazer o espectador entender sem se perder em conexões muito complexas.

O piloto da força aérea Colter Stevens (Jake Gyllennhaal) acorda num trem para Chicago, diante de uma mulher que o chama por outro nome. Sem saber o que se passa, afirma que não a conhece. Desconcertado, vê no espelho do banheiro um rosto que não é o seu. Pouco tempo depois o trem explode.

É com essa agilidade que o espectador se vê atirado dentro da trama do filme.

Após a explosão, Stevens acorda em uma espécie de capsula, onde está em contato com a oficial Collen Goodwin (Vera Farmiga). Logo descobre que se encontra dentro do Código-Fonte; um experimento do governo americano que permite que ele “entre” na consciência de um passageiro do trem que irá explodir.

Na verdade, o trem já explodiu e o que ele vivencia são os oito minutos antes da explosão, uma espécie de resquício de luz temporal daquele momento. Sua missão, nesses oito minutos, é encontrar o responsável pelo atentado, não para evitar a tragédia do trem - já ocorrida -, mas para evitar que outra muito maior ocorra.

Stevens fará várias incursões de oito minutos na tentativa de encontrar o responsável e a cada uma delas se afeiçoará cada vez mais pela mulher a sua frente. Vivida pela belíssima Michelle Monaghan, o agente do governo terá dificuldade em conter o impulso de salvá-la, mesmo sabendo que é impossível mudar os acontecimentos.

O ator Jake Gyllennhaal se mostra competente em passar ao espectador a intensidade, desconcerto e pressão a que seu personagem está submetido. A narrativa mantém a tensão constante durante todo o filme e o roteiro amarra  bem o andamento das etapas do filme. Mostra-se inteligente ao evitar um clímax óbvio, preservando a atmosfera uniforme, sem se render a clichês de ação.
 
 Mas não evita, no entanto, que a trama se deixe levar pelo sentimentalismo romântico, estendendo o final a complicações que desconstroem um pouco a simplicidade do início, caindo na tentação dos paradoxos temporais. Como o filme se diz desde o início não como uma viagem no tempo, o paradoxo maior acaba sendo esta contradição do roteiro.
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