Felix et Lola
Patrice Leconte
França, 2001
Em Felix e Lola, o diretor francês Patrice Leconte transforma um parque de diversões em metáfora e contraste de um relacionamento marcado pela insegurança. Lugar improvável para uma história de amor repleta de medos e mistérios, o parque, com sua alegria artificial de ruídos de músicas alegres e algazarra do público, se transforma no emblemático cenário das incertezas e da solidão de Felix (Philippe Torreton), bem como da tristeza e melancolia de Lola (Charlotte Gainsbourg).

É justamente o mistério aparentemente insondável em Lola e sua melancolia sólida que parece fascinar Felix. Como em uma montanha russa, ele experimenta um mergulho no desconhecido ao se envolver com ela e tudo passa a ser insegurança e mistério. Como na cena em que ao chegar em casa vai direto ao armário ver se as coisas dela continuam lá. Essa constante insegurança cria uma inversão do senso comum, fazendo de Felix o sexo frágil da relação.

Felix, por sua vez, sabe que há algo de muito errado acontecendo, algo de muito grave. Mas Lola o faz prometer confiança total nela, obrigando-o a não se envolver no que quer que esteja acontecendo com ela. Somente aos pouco ela vai lhe revelando fatos sobre seu passado, criando um vínculo, uma espécie de cumplicidade fragmentada. E é esse também um vínculo instável, mutável, que se modifica a cada nova revelação.

Contudo, quando no fim tudo se esclarece em definitivo é que o filme de Leconte demonstra uma sutileza e uma delicadeza extrema. É quando todas as cartas são colocadas na mesa e não há mais nada a esconder. Mas essas revelações finais não parecem trazer qualquer garantia de segurança a Felix e Lola. E tudo que resta é a promessa e o desejo inegável de ambos em encontrarem seus significados e seus caminhos. Mesmo que a trilha a seguir seja sempre a da incerteza.
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