quarta-feira, março 02, 2011

Batman e as HQs no Cinema.



Buscando inspiração para aventuras, o cinema sempre bebeu na fonte das histórias em quadrinhos. Em um universo de cruzados de capa, combatentes do crime, vigilantes mascarados, paladinos da justiça, os mais populares sempre tiveram lugar cativo nos filmes dos grandes estúdios de Hollywood. 

Apesar disso, até duas décadas atrás as adaptações de HQs eram irregulares. Não se firmavam como um gênero sólido, sempre presente nos cinemas. Atualmente, qualquer lista de filmes a estrear na temporada inclui algum personagem dos quadrinhos. E essa consolidação do gênero tem no ano de 1989 seu mais claro divisor de águas. Nesse ano, chagava aos cinemas “Batman – O Filme”, dirigido pelo quase desconhecido Tim Burton. Depois dele, nada foi como antes.

Contudo, é indispensável lembrar outra adaptação de super-herói para o cinema que marcou época e não pode nunca ser deixada de lado quando se toca no assunto. Realizada onze anos antes de “Batman – O Filme”, esta película se tornou inesquecível, inserindo no imaginário de mais de uma geração a figura de um Super-Homem gentil, amável – ingênuo, até - e apaixonado por Louis Lane. Interpretado magistralmente pelo ator Christopher Reeve, “Superman – O Filme”, dirigido por Richard Donner em 1978, se tornou uma referência.

Inesquecível

Nesse filme são inesquecíveis sua trilha sonora, composta por John Williams, assim como a antológica sequência em que Louis Lane voa com o Superman sobre a cidade e a insuperável primeira aparição em público do herói, quando ele salva Louis Lane com uma mão e com a outra segura um helicóptero. Os efeitos especiais de “Superman – O Filme” podem parecer ultrapassados hoje, mas sem dúvida ainda preservam uma essência não só do personagem, mas de uma época. No entanto, mesmo o sucesso desse filme e de sua sequência (Superman II), parece não ter sido suficiente para fazer Hollywood apostar no gênero de forma intensa. Entre “Superman II” e “Batman - O Filme” vão 9 anos de vácuo sem uma produção de peso e contundência cinematográfica.

Depois de uma lacuna tão grande, a ida do Homem Morcego para as telas não ocorre por acaso. O fenômeno responsável por isso nasce das próprias histórias em quadrinhos. Um fenômeno cujo sucesso de venda e de crítica estimulou os produtores a investirem no personagem.

Surge, em 1986, o que talvez seja o maior divisor de águas na carreira do Batman nos quadrinhos. A saga “O Cavaleiro das Trevas” é uma novela gráfica que revolucionou completamente o personagem. Roteirizada por Frank Miller, a saga apresenta o Homem Morcego de forma intensa e profunda, dando ao personagem uma densidade nunca antes ousada. São explorados seus traços psicológicos ambíguos, sua descrença na humanidade, sua personalidade sombria, seu lado violento e perturbado. A história aborda temas como a Guerra Fria e a violência urbana. Cria uma América violenta, apocalíptica e decadente, que caminha para um futuro pessimista e sem esperança.

Foi na esteira do sucesso de “O Cavaleiro das Trevas” que os produtores de Hollywood viram a oportunidade de levar novamente para as telas um personagem de HQ. E coube a Tim Burton dar vida e ação para ele.


Erros e acertos

“Batman - O Filme” tem defeitos que desagradaram aos fãs. Mas também tem acertos marcantes. Seus principais méritos estão na ambientação sombria e opressora do universo do personagem, na interpretação de Jack Nicholson no papel do Coringa, na trilha sonora grandiosa. Destaca-se também a influência do cinema expressionista alemão nas sombras e na caracterização monumental de Gothan City.

Por outro lado, o filme tem um roteiro mal trabalhado. Trata com superficialidade personagens importantes, como o mordomo Alfred e o Comissário Gordon. Comete um grande equívoco na escolha de Michael Keaton para o papel de Bruce Wayne. E para piorar, algumas questões técnicas deixam a desejar, como a falta de mobilidade do traje-armadura que o herói veste. Um fato que contribuiu para um frustrante anticlímax nas cenas de ação.

Apesar de tudo, o filme foi um grande sucesso de bilheteria e se tornou um marco do gênero. Ganhou uma continuação, sob a direção do mesmo Burton. “Batman – O Retorno” contém ainda mais elementos sombrios, cenários elaborados e figurinos bem trabalhados, mas repete os mesmos erros do filme anterior. Quanto aos dois filmes seguintes, dirigidos por Joel Schumacher, não há o que comentar. São dignos de absoluto esquecimento.


Acorda Hollywood

Depois dos dois “Batmans de Tim Burton”, Hollywood parece ter acordado para um filão que estava ansioso por surgir. Com um número imenso de fãs e admiradores, o universo das Histórias em Quadrinhos ansiava por ser transformado em filme. Havia legiões de leitores dispostos a comprarem ingressos e consumirem todo tipo de bugiganga de seu personagem favorito, ou de seus muitos personagens favoritos.

De 1989 até hoje, muitos heróis das HQs já foram transpostos para as telas de cinema. Algumas dessas adaptações receberam grande reconhecimento por conta do excelente trabalho na composição fiel dos personagens e por suas qualidades artísticas. São exemplos disso filmes como “Sin City”, “Homem-Aranha 2”, “Watchamen”, “Hellboy”, “Batman – O Cavaleiro das Trevas”, entre outros.

Se os fãs de histórias em quadrinhos de super-herói podem hoje curtir na tela seus personagens favoritos, certamente isso se deve àquele Batman de traje duro e máscara folgada no rosto. Foi, de certa maneira, onde tudo começou e, ao menos para os que gostam de uma boa HQ no cinema, espera-se que nunca termine.
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