quinta-feira, setembro 01, 2011

A Viagem de Lúcia



Il Richiamo
Stefano Pasetto
Itália/Argentina, 2009
93 min.

Um encontro capaz de mudar uma vida e a viagem que a modifica. É com essas premissas que “A Viagem de Lúcia”, que estreia na próxima sexta (02), apresenta suas personagens. É assim com Lúcia (Sandra Ceccarelli), que para se reencontrar precisa se perder. É assim com Lea (Francesca Inaudi), impulso da viagem, que segue a mesma trilha para também se reencontrar. No fundo, quando partem, buscam apenas o regresso.

Lúcia e Lea são opostos. A primeira, comissária de bordo de uma companhia aérea; a segunda, operária de uma indústria de frangos. Lúcia está na meia-idade. Casada com um médico bem sucedido, leva uma vida ordenada e um casamento que se afunda na incomunicabilidade. Lea, jovem e cheia de vida, vive com um tatuador que quer se casar, mas ela resiste. Ambas vivem em Buenos Aires e esperam algo mais da vida, mas não sabem o quê.

O caminho delas vai se cruzar quando Lúcia tem uma gravidez interrompida. Afastada do trabalho, volta a dar aulas de piano. Lea se torna sua aluna. Há o choque entre a liberdade extremada de Lea e a rigidez conservadora de Lúcia. Um gelo que aos poucos sucumbirá a uma atração e a uma partida para a Patagônia, onde Lea realizará seu sonho de estudar biologia. Lúcia parte com Lea não em busca de sonho, mas em fuga da notícia que recebera pouco antes, algo que muda completamente sua perspectiva de vida.

Até a partida - ruptura de ambas com a vida que levam e divisão da narrativa - o filme segue bem, tem força e ritmo. Com a mudança, desliza para uma demora maior, mais contemplativa e sem a mesma força. É o tempo de maturação da mudança, mas que afeta o tom da narrativa, deixando-a inexpressiva.

Para Lúcia, longe é um recomeço. O novo, que chegou tão depressa, dá o tempo e a distância que ela precisa. Aprende que a vida não deve ser linear ou previsível. Aprende, com algum sofrimento, que o idílio dura pouco e sempre vem o naufrágio. Entre um e outro, o reencontro de si. Tanto para Lúcia, quanto para Lea. Talvez entendam que precisavam de um porto para suas emoções. Ao encontra-lo - ou não - na companhia uma da outra, descobrem a fragilidade de tudo. Um novo aprendizado. Talvez mais compreensão, equilíbrio e aceitação. Talvez o regresso, e mais um recomeço.
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