quinta-feira, maio 26, 2011

O Poder e a Lei



The Lincoln Lawyer
Brad Furman
EUA, 2011
118 min.

Mais um filme de advogado, investigação e tribunal. “O Poder e a Lei”, filme que estreia nesta sexta (27), tem um pouco de cada. Mas passa por cada um desses elementos de gênero sem nenhuma novidade e sem causar grande entusiasmo.

Mick Haller (Matthew McConaughey) é um advogado malandro que costuma defender criminosos de pequeno porte e que já teve até sua licença cassada. Como escritório, utiliza o banco de trás de um Lincoln, conduzido por seu motorista particular. Foi casado com uma promotora (Marisa Tomei), com quem tem uma filha. Normalmente detestado por alguns policiais por conseguir livrar notórios criminosos da cadeia, mantém com alguns desses policiais uma relação promíscua do ponto de vista ético.

A trama se arma quando Mick assume um caso de acusação de estupro e espancamento de uma prostituta por parte de um mimado herdeiro de família poderosa. Vê a oportunidade de faturar alto com o caso e é inicialmente convencido de que o rapaz é inocente e que foi vítima de um golpe da prostituta. Com o andamento das investigações e dos tramites legais, perceberá que o caso remete a um outro caso antigo, do qual ele até hoje tem dúvidas.

O personagem Mick Haller é um tipo sem grandes escrúpulos, que está preocupado apenas em ganhar o seu dinheiro, não importando de onde ele venha. Seu casamento definhou justamente pelo conflito entre os ideais de sua esposa e seu caráter duvidoso. Contudo, ao ver a possibilidade de corrigir um erro do passado, é subitamente atacado pelo desejo de justiça. O grande dilema do filme está no advogado antiético que subitamente se vê preso à ética da profissão e tem de livrar da prisão alguém que ele quer ver preso.

O roteiro, adaptado do livro de Michael Connelly, muitas vezes parece um remendo mal disfarçado. A trama é bastante frouxa, com alta dose de previsibilidade. Para completar, recorre ao pior dos recursos para o desenrolar da narrativa: uma absurda e improvável coincidência.

Outra falta grave do filme é colocar na trama personagens de certa maneira fundamentais para o desfecho e que entram e saem da história sem qualquer grande explicação.

Assim, sabemos que Haller tem uma secretária chamada Lorna (Pell James) que o ajuda em alguns momentos, mas não sabemos onde ela trabalha, que vínculos tem com ele. Ela simplesmente entra e sai de cena. O mesmo ocorre com a personagem Gloria (Katherine Moenning) a quem Haller ajuda e que serve somente como elo para a providencial coincidência que dará ao advogado o trunfo final da história.

Isso sem falar no subaproveitado motorista Earl (Laurence Mason), que num tipo de “Conduzindo Miss Daisy” leva o advogado de um lado para outro sem muita conversa.

Com a pegada de filme policial e de tribunal, mas sem as melhores qualidades de um ou de outro, "O Poder e a Lei" se enrola e desenrola sem surpresas ou reviravoltas surpreendentes. Um argumento interessante, mas que o filme aproveita muito mal.
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