quinta-feira, julho 28, 2011

O Casamento do Meu Ex



The Romantics
Galt Niederhoffer
EUA, 2010
95 min.

O título desse filme pode fazer crer que se trata de uma comédia romântica, mas não se engane. Embora tenha momentos divertidos e seja um filme leve, “O Casamento do Meu Ex” é na verdade um drama romântico. Tem, claro, alguma graça. Mas sua melhor qualidade não é o riso, é lidar com alguns sentimentos de forma suave, com bons diálogos, personagens cativantes e um desfecho pouco óbvio.

Katie Holmes interpreta Laura, uma jovem escritora que vai ao casamento de dois grandes amigos: a contida e pragmática Lila (Anna Paquin) e o emocional e expansivo Tom (Josh Duhamel). Junto com outros cinco amigos que também chegam para a festa, eles formam o que eles mesmos chamam de “Os Românticos” (daí o título original The Romantics), amigos desde os tempos da faculdade e que no passado se relacionaram diversas vezes entre si, sem que jamais deixassem de serem amigos.

Dessas “trocas” de pares, a mais recente e marcante foi o namoro de cinco anos entre Laura e Tom. Um relacionamento que parece ter acabado de forma abrupta e mal resolvida. Com a chegada de todos para o casamento, cresce uma tensão inevitável entre o casal de ex-namorados. Essa tensão afetará a todos de alguma forma, levando-os a discutirem de forma franca suas próprias relações e o rumo que suas vidas vão tomando.

A diretora Galt Niederhoffer, que adaptou o roteiro de seu próprio romance (homônimo ao título original do filme), realiza uma direção que acentua a ambivalência das dúvidas e insegurança dos personagens, evitando torná-los previsíveis. Embora essas dúvidas e inseguranças surjam a partir de Laura e Tom, os “ex” do filme, ela acabam afetando a todos os outros casais, que na melhor sequência do filme reformulam os pares e discutem suas expectativas, desejos e inseguranças.

É nesse miolo do filme que o trabalho da diretora se mostra mais competente, ao estabelecer nessa sequência fragmentada em cada casal, uma tensão sexual cheia de promessas de obviedades que não se confirmam. Ao decepcionar o óbvio, nos entrega personagens mais críveis, e também mais carismáticos. Pena que ao se deter com mais atenção no par principal da trama, a diretora não explore ao máximo a potencialidade do elenco e das situações que o reencontro e os seguintes desencontros entre os demais casais possibilita. É algo que se perde.

Já Katie Holmes está muito bem no papel de uma irresoluta apaixonada, dividida entre a mágoa e o desejo. Claro que isso não é explorado a um fundo dramático pesado, mas trabalhado de forma leve e romântica. A química entre ela e Duhamel é muito boa e a sequência em que travam uma franca e espinhosa conversa, cheia de entrelinhas, olhares, desejos e impossibilidades reafirmadas é o melhor momento do filme.

Embora não escape de alguns clichês típicos de filmes de casamento - como brindes constrangedores, ansiedade pré-cerimônia e a velha expectativa em saber se um dos noivos desistirá na hora decisiva -, o filme repara esses defeitos com um desfecho que, ao menos como estilo, é menos óbvio do que costuma ser.

Com atuações em grande sintonia e uma condução azeitada da direção, “O Casamento do Meu Ex” é um filme saboroso, romântico sem chafurdar na pieguice e divertido sem precisar cair no ridículo. Não é obra-prima ou obra de mestre, apenas um bom filme do qual não se sai arrastando correntes ou carregado de enfado. Em tempos de tanta bobagem ruim, é sempre bom alguma bobagem boa, para nos divertir e fazer sorrir.
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