sexta-feira, agosto 05, 2011

Ilusões Óticas



 Ilusiones Ópticas
Cristian Jiménez
Chile/França/Portugal, 2009
105 min.

Apesar de repetir uma fórmula esquemática cada vez mais desgastada em comédias dramáticas recentes (vários personagens ligados entre si sem saberem, podendo - ou não - se encontrar no final), o chileno “Ilusões Óticas”, que estreia hoje (05) no Rio de Janeiro, é um filme divertido e melancólico em medida bem dosada. Apresenta personagens que se veem desorientados na vida. Personagens que, ou se perderam em ilusões ingênuas, ou conseguiram o que queriam e descobriram a ilusão por trás do sonho realizado. É onde estão as ilusões óticas do título, ilusões que criamos entre o que vemos e sentimos, entre o que desejamos e o que temos.

Os personagens são diversos em “Ilusões Óticas”. Um segurança de shopping que se apaixona por uma ladra, um cego que ao voltar a enxergar e vê sua vida perdendo a direção, um quase desempregado de meia idade confuso, uma grã-fina cleptômana, uma jovem com baixa autoestima e um marqueteiro de uma empresa quase falida.

Esses personagens se ligam não apenas por laços de um destino irônico, ou pela casualidade insólita da vida, mas principalmente porque trazem, cada um deles, um tipo de ilusão, de desejo e sonho que é a causa e consequência das decepções de suas vidas. Seja pela realização desse desejo, seja por sua natureza imensurável de realização.

Nessa miscelânea de vidas frustradas, o expectador irá compartilhar o cômico e o melancólico das situações a que estarão sujeitos essas figuras em busca de suas ambições. Cada personagem será vítima de si mesmo, por ter construído castelos de esperanças em areia movediça.

Talvez pelo número de personagens, “Ilusões Óticas” se mostra um filme irregular, patinando em alguns momentos, dando destaque a histórias mais fracas em detrimento dos melhores personagens. Nesse sentido, há um leve mau aproveitamento do melhor personagem: o “ex-cego”. Tanto pela atuação excelente do ator Ivan Alvarez de Araya, quanto pelo que seu drama tem de cômico, triste e inesperado.

Mesmo com suas irregularidades, esse longa de estreia de Cristian Jiménez alcança uma delicadeza no trato das histórias que comove sem precisar de recursos piegas. Em meio a tantas ilusões e realizações frustradas nas vidas de pessoas comuns, perdidas diante de seus sonhos e desejos íntimos, talvez a solução esteja na frase que fecha o filme. Uma frase que guarda, na sua simplicidade e em seu sentido universal, uma possível resposta para os desalentos da vida. “Mais perto”, dita como é dita no final (e só quem vir o filme vai entender) é o que talvez todos precisemos para dar sentido às nossas próprias ilusões de óticas cotidianas.
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