segunda-feira, outubro 04, 2010

Paixão de Fortes

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My Darling Clementine
John Ford
EUA, 1946
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Paixão de Fortes está entre os mais importantes filmes de John Ford. Sua história é livremente inspirada na lendária figura do xerife Wyatt Earp e no lendário tiroteio de O.K. Curral, ocorrido na cidade de Tombstone. Mas o filme também é uma bela história de amor.

Aposentado do cargo de xerife, o já famoso Waytt Earp e seus irmãos conduzem cabeças de gado em direção á Califórnia. Ao passar pela cidade de Tombstone um dos irmãos Earp é covardemente assassinado e o gado é roubado. Em busca de vingança e com a promessa de transformar a cidade em um lugar onde jovens possam crescer em paz, Waytt Earp aceita o cargo de xerife local. Em sua nova função terá que se confrontar com o temido pistoleiro Doc Holliday e com os desmandos da família Clanton.

John Ford dizia ter conhecido pessoalmente Waytt Earp e que o próprio teria lhe contado os detalhes do famoso tiroteio em Tombstone, ocorrido em 1881. Mas em seu filme Ford prefere usar de uma liberdade inventiva para melhor atingir seus resultados dramáticos, até porque em nenhum momento se pretendeu fazer um filme documental do acontecido.

Talvez por isso Paixão de Fortes seja um filme tão sedutor. Isso acontece porque Ford aplica uma bem dosada mistura de humor, ação e romance. Além, claro, de seu virtuosismo como diretor. Sua marca está em tomadas elaboradas, na fotografia exuberante (com destaque para as cenas noturnas) e em personagens como Doc Holliday.

Doutor John Holliday é um temido pistoleiro. Mas também um erudito, formado em medicina e grande apreciador de Shakespeare. A maneira ambígua como o diretor nos apresenta Doc Holliday e o modo como se vai aos poucos compreendendo suas motivações autodestrutivas, fazem desse personagem um grande destaque do filme. 

Junto ao que torna Paixão de Fortes um filme sedutor, está a chegada de Clemetine à cidade e o sutil jogo de um triangulo amoroso que ela irá desencadear. Um jogo cujas regras estão na nobreza de caráter de Earp e no destempero ameaçador de Holliday.

Também contribui para tornar o filme uma obra inesquecível a dinâmica da cidade de Tombstone. As cenas no saloon, o impagável barbeiro, o esperto barman e a inesquecível cena de dança na igreja numa manhã de domingo. Pequenos detalhes que no todo agigantam o filme.

Com o eletrizante tiroteio de O.K. Curral como desfecho dessa obra incrível, Ford assegurava, em 1946, sua condição de gênio do cinema. Realiza um western fora do padrão do gênero, com um ritmo diferenciado e espaço para uma ambigüidade rara na formatação de personagens da época. Paixão de Fortes é exuberante na sua composição e encantador na sua construção. Uma grande experiência de cinema.

1 comentários:

Ana romanticamente disse...

Beleza! mas se não fizer resenha de filmes românticos eu desço a lenha aqui a meu modo, claro.
Tá dito! Boa Sorte aí, mano! he he he

Beijos!

 

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