A tristeza e inocência dos personagens de Moonrise Kingdon, novo filme de Wes Anderson (de Os Excêntricos Tenenbauns e Viajem a Darjeeling), que chega aos cinemas nesta sexta (12), soma-se de forma inusitada à aventura de descoberta que seus dois protagonistas empreendem ao fugirem de casa.
No cinema de Wes Anderson, o fabular sempre ronda. Porém,
nunca contamina em excesso o estilo particular do diretor. É por isso que a tristeza,
assim como a inocência, estão aqui pinceladas com graça e delicadeza,
equilibradamente diluídas em uma narrativa de sabor incomum.
Sam (Jared Gilman) tem 12 anos e fugiu de um acampamento de
escoteiros. Não se sentia integrado ao grupo por ser considerado estranho pelos
demais. Suzy (Kara Hayward), não tem mais que 13 anos e fugiu de casa. Não se
sentia parte da família por se sentir estranha dos demais.
O ano é 1965 e ambos empreenderão juntos uma fuga em que as
descobertas da puberdade serão matizadas – e construídas – em contraponto com a
busca de que serão vítimas. Para encontrá-los, desfila na tela um elenco que
tem Bruce Willis, Edward Norton, Bill Murray, Frances McDormand, Tilda Swinton
e Harvey Keitel. Os nomes falam por si sós.
Com seu peculiar modo de contar uma história, Wes Anderson
nos entrega um filme em que a delicadeza nunca atinge tons de mesmice
sentimental. Em vez disso, está sempre coberta pelo véu do improvável,
equilibrando-se entre a graça do cômico inesperado e um permanente sentimento
de melancolia.
Note-se sempre que na beleza dessa aventura, preenchida com
uma aura mística, de memória e fantasia, nunca há a alegria. Haja ou não final
feliz, resolva-se ou não o imbróglio da tristeza e desventura de todos os
personagens, ninguém ri, ninguém se alegra.
Isso em nada diminui o quanto o filme é divertido. Revela
apenas a natureza desses personagens, algo que fadados a suas próprias vidas, desde
muito jovens. Não por acaso, a história se passa numa ilha. Nos dissabores
dessa aventura e na trajetória de “escape” que a trama apresenta, Moonrise Kingdon não deixa que a
melancolia corrompa as possibilidades do porvir, mas tampouco a deixa de lado,
como se não fosse, sempre, também uma possibilidade por vir.
--
Moonrise Kingdom
Wes Anderson
EUA, 2012
94 min.
Traier
0 comentários:
Postar um comentário