terça-feira, março 19, 2013

Cineasta Samuel Fuller ganha mostra em SP



Intitulada Se você morrer, eu te mato!, a nova mostra de filmes promovida pelo Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo traz a obra completa do cineasta norte americano Samuel Fuller (1912-1997).

A partir desta quarta (20), o público poderá ver na tela todos seus 24 filmes, além de dois documentários sobre o diretor, realizados pelo cineasta francês André S. Labarthe.

Samuel Fuller
Samuel Fuller é considerado um dos diretores mais influentes de sua geração. Nomes como Jean-Luc Godard, Wim Wenders, Martin Scorsese e Steven Spielberg já declararam a força dessa influência em suas obras.

Dono de uma obra autoral de forte teor independente, apesar de ter trabalhado com grandes estúdios, seus filmes são marcados pela violência, pelo sarcasmo e pela abordagem de temas indigestos como o racismo, a guerra, a loucura e o submundo.

Repórter e combatente
Tendo iniciado sua vida profissional como repórter policial e servido na Segunda Guerra Mundial, Fuller fez dessas duas experiências um tema recorrente em seus filmes. Além dos filmes de guerra, muitas de suas produções apresentam uma carga jornalística através de seus personagens e do retrato feito a partir de “camadas párias” da sociedade.

Agonia e Glória (1980)
É a partir de sua visão da guerra, por exemplo, que nascem obras como Capacete de Aço (1951) e Baionetas Caladas (1951), ambos sobre a guerra da Coreia, além do marcante Agonia e Glória (1980), que trazia suas memórias da Segunda Guerra.

Da experiência nas ruas como repórter, o gênero noir torna-se uma marca de muitos de seus filmes, levando para a tela tipos pertencentes a um universo ambíguo de violência latente. Dessa áspera realidade surgem filmes como A Dama de Preto (1952), Anjo do Mal (1953), O Quimono Escarlate (1959) e A Lei dos Marginais (1961).

Western sem heroísmo
Fuller também realizou westerns, como é o caso de seu primeiro longa metragem, intitulado Eu Matei Jesse James (1949). Mas ao abordar o gênero clássico do cinema americano, o diretor subverte seus elementos para revelar personagens sem heroísmo, calcados em inseguranças, covardias e contestações da sociedade.

O Beijo Amargo (1964)
Da mesma forma contestatória, a perturbação mental está presente em obras como Paixões que Alucinam (1963) e O Beijo Amargo (1964). Estes revelam com crueza e perturbadora construção a hipocrisia da sociedade conservadora norte americana. Nessa perspectiva, trazem um sempre iminente desvio doentio de comportamento. Desvios que a sociedade oculta sob a máscara da normalidade, bem guardadas nos porões de seus tabus.

Polêmico, incômodo e corajoso, o cinema de Samuel Fuller é marcado por uma estética que desmascara e aterroriza uma sociedade que vivia a dissimulação de um sonho de fortuna e prosperidade pós-guerra. Seus filmes revelam o outro lado – aquele que nem sempre se deseja ver – e refletem o descompasso entre aparência e verdade.

O Quimono Escarlate (1959)
Cru e cruel, brilhante em suas composições cênicas, ácido na sua indigesta perturbação e franco em dizer o que não era dito. 

“Se você morrer, eu te mato”, frase dita por um sargento em Capacetes de Aço, serve perfeitamente como metáfora de um diretor provocativo, roteirista da maior parte de seus filmes, que levou ao cinema não apenas sua visão de mundo estetizada na crueza perfuradora de sua câmera, mas também o instigante debate a respeito de nossos instintos estúpidos, estupidificados e dissimulados.
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Serviço:

O quê: Mostra Samuel Fuller: Se você morrer eu te mato!
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil - Rua Álvares Penteado, 112 – Centro
Quando: de 20 a 31 de março
Quanto: R$ 4,00 (inteira), R$ 2,00 (meia-entrada)
Mais informações: www.bb.com.br / Tel: (11) 3113-3651/52

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