quarta-feira, maio 30, 2012

Branca de Neve e o Caçador


Rainha-bruxa-má misândrica, incestuosa e fetichista? Não, Hollywood jamais iria tão longe. Mas que a ótima personificação que Charlize Theron faz da vilã famosa pela frase “espelho, espelho, meu...” dá margem a ilações, isso dá. Em Branca de Neve e o Caçador, que chega na próxima sexta aos cinemas, a atriz é a melhor razão para se ver o filme.

Na onda das releituras de clássicos infantis, transmutados em aventuras cheias de ação direcionadas ao público adolescente, o filme estrelado por Kristen Stewart (a Bella de Crepúsculo), cumpre seu papel com um mínimo de dignidade. Engrossando o elenco – e o apelo juvenil feminino – Chris Hemsworth (o Thor de Os Vingadores), faz as vezes do caçador do título.

Da trama, cabe dizer que a Rainha-bruxa-má chama-se Ravenna. Traiçoeira figura que vive sob um feitiço através do qual perpetua sua beleza e seu poder. Ajudada pelo irmão, parte desse feitiço só tem efeito enquanto não houver outra mulher mais bela dando sopa por aí. Ela seduz o rei viúvo, pai de Branca de Neve, para logo assumir seu lugar e jogar a inocente garotinha na masmorra.

A certa altura, por imposição do roteiro, o espelho mágico se vê obrigado por contrato a dizer que Branca de Neve é mais bela que Ravenna; algo um tanto sem cabimento, mas que se tolera para não deixar a história perder a graça. O resto segue como esperado, Branca de Neve foge, a Rainha manda um caçador trazer o coração da moça, o caçador afrouxa, sentimos todos etc.

Mas o filme não vai pelo caminho clássico. Os tais sete anões, por exemplo, demoram a aparecer e não são nada amáveis. São na verdade salteadores brutos, ex-mineradores afetados pela crise sombria que o reinado de Ravenna trouxe para o reino. É somente após estarem todos reunidos que a trama deslancha para algum lugar. Antes disso, o filme vai se arrastando de um lado a outro sem muita direção.

Percebe-se em Branca de Neve e o Caçador um esforço quase bem sucedido de se levar a sério. Este esforço só funciona em parte graças à malévola Ravenna, que dá um bom estofo sombrio para o clima da aventura. Prejudica este esforço a velha preguiça de roteiro, quando remendos são inseridos na trama e não levam a lugar algum, como é o caso de um personagem que faz parte da infância de branca de Neva. O modo como ela atravessa o filme é grotescamente mal costurado.

Apesar de tudo, esta releitura do conto de fadas alcança um bom brilho. Tem uma direção de arte bem acabada, uma fotografia redonda, apesar de óbvia, e uma atriz que dá segmento à tradição na qual muitas vezes é o vilão da história quem rouba a cena e faz o filme valer o ingresso.
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Snow White and the Huntsman
Rupert Sanders
EUA, 2012
127 min.


Trailer

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