“Rebootar” ou não “rebootar”? Quando se trata do novo filme do Homem-Aranha, que reinicia a franquia nos cinemas, a questão ganha destaque. Passados apenas cinco anos desde o encerramento da trilogia dirigida por Sam Raimi – e estrelada por Tobey Maguire – e com tudo ainda fresco na memória dos fãs, a Sony resolveu arriscar e começar tudo de novo.
O resultado chega ás telas no próximo dia 6 de julho
intitulando-se”. Na direção, o quase estreante Marc Webb (tem apenas um longa
na carreira: “500 Dias com Ela”) e no papel do Aranha, Andrew Garfield. Diante
disso, a pergunta que cabe é: o novo filme faz valer todo esforço em deixar
para trás o velho cabeça de teia e acreditar nesse novo? A resposta é não. Mas esta
negativa não é tão simples, como veremos a seguir.
Ao recontar o início do herói, o filme vai em busca do que
aconteceu com seus pais e introduz Gwen Stacy (Emma Stone) como par romântico
de Peter Parker. Com exceção desses detalhes, todo o início do novo filme
parece uma repetição do filme de 2002, com os personagens vivenciando as mesmas
situações, mas em circunstâncias diferentes. Da descoberta dos poderes à noção
da responsabilidade que eles trazem, nada de muito diferente acontece.
Para os fãs mais conhecedores das histórias em quadrinhos, a
presença da personagem Gwen é a grande novidade. Nas HQs, ela foi uma grande
paixão de Peter Parker, antes dele conhecer Mary Jane, com quem veio a se
casar. O destino de Gwen, todos sabem, é trágico, e este arco dramático
certamente será aproveitado pela nova franquia. Como vilão, o filme apresenta outro
personagem emblemático para o cabeça-de-teia. Trata-se do Dr. Curt Connor, o
Lagarto, interpretado por Rhys Ifans.
Apesar da repetição, razoavelmente aceitável para uma
história que está sendo recontada, o que mais prejudica o filme são os “atalhos”
que o roteiro nos empurra. Atalhos criados para desembaraçar acontecimentos e
fazer a história seguir adiante, mas que soam artificiais e difíceis de
engolir. É como se a produção não se importasse em tramar a história de forma minimamente
inteligente e articulada, criando assim coincidências e situações improváveis
que simplesmente não convencem.
Mesmo com essas muletas narrativas mal arranjadas, o filme
demora a engrenar, deixando a primeira parte monótona. Parte desses problemas
são amenizados quando chega a ação e vemos bons efeitos especiais na tela.
Contudo, o melhor dos efeitos parece ter sido economizado para o final.
É que durante os dois primeiros terços da fita, nada de
muito espetacular acontece em termos de ação. Somente perto do fim o filme
libera de verdade todo seu potencial, entregando finalmente alguma vertigem e
emoção. Emoção que, em certo momento, repete o acerto do segundo filme da
antiga franquia, quando se estabelece uma comovente relação entre o herói e alguns
cidadãos de Nova York; além de revelar uma interessante vulnerabilidade do
personagem, que fica sempre bastante ferido na ação.
Andrew Garfield não se mostra muito convincente como um adolescente
que ganha super poderes, nem consegue uma química interessante com sua parceira
romântica, Emma Stone. Mas não chega a ser uma decepção, se mostrando bastante
esforçado.
Sendo inevitável uma comparação com os filmes anteriores,
pode-se dizer que O Espetacular
Homem-Aranha cumpre seu papel como filme de ação, mas fica ligeiramente
aquém da antiga franquia. Por apresentar um produto que, com muito esforço e
boa vontade, no máximo se iguala ao anterior, não parece haver razão que
justifique um reboot tão cedo, a não ser pela lógica caça-níquel de Hollywood.
Isso não significa que o filme seja ruim, apesar de seus
defeitos. Diz apenas que diante da filosófica questão “rebootar” ou não
“rebootar”, o filme não se sustenta. Talvez fosse melhor esperar mais um pouco.
--
The Amazing Spider-Man
Marc Webb
EUA, 2012
136 min.
Trailer
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