quinta-feira, julho 05, 2012

O Espetacular Homem-Aranha


 “Rebootar” ou não “rebootar”? Quando se trata do novo filme do Homem-Aranha, que reinicia a franquia nos cinemas, a questão ganha destaque. Passados apenas cinco anos desde o encerramento da trilogia dirigida por Sam Raimi – e estrelada por Tobey Maguire – e com tudo ainda fresco na memória dos fãs, a Sony resolveu arriscar e começar tudo de novo.

O resultado chega ás telas no próximo dia 6 de julho intitulando-se”. Na direção, o quase estreante Marc Webb (tem apenas um longa na carreira: “500 Dias com Ela”) e no papel do Aranha, Andrew Garfield. Diante disso, a pergunta que cabe é: o novo filme faz valer todo esforço em deixar para trás o velho cabeça de teia e acreditar nesse novo? A resposta é não. Mas esta negativa não é tão simples, como veremos a seguir.

Ao recontar o início do herói, o filme vai em busca do que aconteceu com seus pais e introduz Gwen Stacy (Emma Stone) como par romântico de Peter Parker. Com exceção desses detalhes, todo o início do novo filme parece uma repetição do filme de 2002, com os personagens vivenciando as mesmas situações, mas em circunstâncias diferentes. Da descoberta dos poderes à noção da responsabilidade que eles trazem, nada de muito diferente acontece.

Para os fãs mais conhecedores das histórias em quadrinhos, a presença da personagem Gwen é a grande novidade. Nas HQs, ela foi uma grande paixão de Peter Parker, antes dele conhecer Mary Jane, com quem veio a se casar. O destino de Gwen, todos sabem, é trágico, e este arco dramático certamente será aproveitado pela nova franquia. Como vilão, o filme apresenta outro personagem emblemático para o cabeça-de-teia. Trata-se do Dr. Curt Connor, o Lagarto, interpretado por Rhys Ifans.

Apesar da repetição, razoavelmente aceitável para uma história que está sendo recontada, o que mais prejudica o filme são os “atalhos” que o roteiro nos empurra. Atalhos criados para desembaraçar acontecimentos e fazer a história seguir adiante, mas que soam artificiais e difíceis de engolir. É como se a produção não se importasse em tramar a história de forma minimamente inteligente e articulada, criando assim coincidências e situações improváveis que simplesmente não convencem.

Mesmo com essas muletas narrativas mal arranjadas, o filme demora a engrenar, deixando a primeira parte monótona. Parte desses problemas são amenizados quando chega a ação e vemos bons efeitos especiais na tela. Contudo, o melhor dos efeitos parece ter sido economizado para o final.

É que durante os dois primeiros terços da fita, nada de muito espetacular acontece em termos de ação. Somente perto do fim o filme libera de verdade todo seu potencial, entregando finalmente alguma vertigem e emoção. Emoção que, em certo momento, repete o acerto do segundo filme da antiga franquia, quando se estabelece uma comovente relação entre o herói e alguns cidadãos de Nova York; além de revelar uma interessante vulnerabilidade do personagem, que fica sempre bastante ferido na ação.

Andrew Garfield não se mostra muito convincente como um adolescente que ganha super poderes, nem consegue uma química interessante com sua parceira romântica, Emma Stone. Mas não chega a ser uma decepção, se mostrando bastante esforçado.

Sendo inevitável uma comparação com os filmes anteriores, pode-se dizer que O Espetacular Homem-Aranha cumpre seu papel como filme de ação, mas fica ligeiramente aquém da antiga franquia. Por apresentar um produto que, com muito esforço e boa vontade, no máximo se iguala ao anterior, não parece haver razão que justifique um reboot tão cedo, a não ser pela lógica caça-níquel de Hollywood.

Isso não significa que o filme seja ruim, apesar de seus defeitos. Diz apenas que diante da filosófica questão “rebootar” ou não “rebootar”, o filme não se sustenta. Talvez fosse melhor esperar mais um pouco.
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The Amazing Spider-Man
Marc Webb
EUA, 2012
136 min.

Trailer

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