segunda-feira, fevereiro 18, 2013

Amorosa Soledad


A privada entupida marca o início de uma mudança na vida de Soledad (Inés Efron). A separação do namorado, que quer um tempo para repensar as coisas, deixa-a solitária em seu apartamento. Como para esconder de si mesma sua fragilidade, Soledad decide que vai ficar um tempo só, porque as pessoas solitárias lhe parecem mais felizes.

Amorosa Soledad é uma produção argentina de 2008 que só agora chega ao Brasil. O filme é a estreia em longa metragem de sua dupla de diretores, Martín Carranza (que tem larga experiência como assistente de direção, tendo trabalhado com Pablo Trapero no ótimo Abutres, de 2010) e Victoria Galardi, que também assina o roteiro.

Por roteiro, entenda-se uma tênue história que não escapa, em alguns momentos, de ser esquemática. O que vemos é a rotina dessa jovem em sua solidão. Uma solidão marcada por sintomas que revelam sua dificuldade em lidar com o estar só. Dessa forma, o filme quer alcançar uma poética que se perde na monotonia de seu andamento.

Não é apenas o esquemático, mas as metáforas óbvias do desconforto dessa solidão. A privada entupida que ela abandona o uso, chegando a fazer dela espaço decorativo; sua atitude hipocondríaca e a masturbação discreta no jato de água do bidê, tudo, de forma muito elementar, refletem os sintomas da solidão ingenuamente autoimposta.

O perfil da personagem, com sua vida semi-cosmopolita, de trabalho cheio de informalidade em uma loja de artigos de decoração, mais uma fotografia que não disfarça seu tom de cinema publicitário, dão ao filme uma aparência de propaganda do extinto banco Real.

Toda essa estética artificial, perdida entre o poético, somada a um roteiro frágil, fazem do filme um arrastado debute de direção sem personalidade. Apoiado nas pistas óbvias das mentiras que a personagem cria para si mesma sobre seu desejo de ficar só. O clichê, então, não demora a surgir, na forma de um possível romance, desenvolvido sem qualquer empatia. O resultado é fraco e superficial.
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Amorosa Soledad
Martín Carranza e Victoria Galardi
Argentina, 2008
82 min.

Trailer

3 comentários:

Camille disse...

Tb adoro cinema. E tenho esse titulo em casa para ver. Ja desisti lendo sua resenha. Encontro muito isso: categoria- comédia romantica, quando é pura tristeza e melancolia. Suponho que voce tenha uma formação outra, alem de jornalismo. Parece. Enfim, grata pela informação. Vou ver outras por aqui,
Cam

Diego L. Frozin F. Cruz disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Diego L. Frozin F. Cruz disse...
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