Qual é a cara do cinema brasileiro produzido em 2012? Se
sairmos às ruas e perguntarmos para as pessoas, as respostas podem variar. Mas
a julgar pelos dez filmes nacionais de maior bilheteria nos cinemas ano passado,
a resposta tenderia a ser parecida. Por outro lado, se a mesma pergunta for feita
por quem trabalha com cinema – seja diretamente, seja jornalisticamente –, a
resposta talvez seja bastante diferente.
Como se sabe, nosso recorte da realidade é sempre – e apenas
– aquilo que vemos. E como não podemos estar em todos os lugares ao mesmo tempo
e saber de tudo que acontece, nossa percepção da realidade está sempre fadada a
ser imperfeita e parcial.
Com o cinema nacional não é diferente. Dia desses, ao sair
de uma sessão de O Som ao Redor, uma
amiga comentou que, a julgar por aquele filme, o cinema nacional devia estar
melhorando muito. Mas de qual cinema ela estaria falando? Do que ela entende
como cinema nacional? Do que eu entendo como cinema nacional? Ou do que de fato
é, hoje, o cinema nacional?
Segundo dados da Ancine (Agência Nacional do Cinema), em
2012 foram lançados 83 títulos nacionais. A imagem abaixo, divulgada no site do
Kinoforun (clique aqui), ilustra as dez maiores bilheterias do cinema nacional
ano passado. Na página é possível conferir dados como
bilheteria, renda e número de cópias no lançamento de cada filme.
Diante desse quadro, a pergunta é: será essa a cara do
cinema nacional recente? Não para muita gente. Para fazer uma comparação entre a
cara do cinema nacional que eu vejo e a cara do cinema nacional que o grande
público vê (a julgar pelos dados de bilheteria), segue abaixo uma lista, sem
juízo de valor, dos principais filmes nacionais que assisti em 2012:
Como se pode ver, a diferença é bem grande, com apenas dois filmes em comum entre as duas percepções. Acredito que esse exemplo ilustre
algo importante. É preciso ver mais filmes nacionais e não apenas os grandes
lançamentos. A importância disso é ressaltar como o cinema nacional é muito
maior (e muitas vezes melhor) do que aquilo que apontam as bilheterias. Julgá-lo
apenas por esses números é certeza de deixar de fora o melhor da nossa
produção.
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