quarta-feira, janeiro 30, 2013

Os Miseráveis

Primeiro, avalie o elenco formado por Hugh Jackman, Anne Hathaway, Russel Crowe, Amanda Seyfried, Sacha Baron Cohen e Helena Bonham Carter. Em seguida, pondere: são eles que vão preencher, sempre cantando, as duas horas e trinta e sete minutos de duração do filme. Antes de mais nada, é este o quadro que inicialmente deve ser informado ao leitor a respeito de Os Miseráveis, musical dirigido por Tom Hooper que estreia nesta sexta (01) e disputa o Oscar em oito categorias. Na esteira dos fatos, cabe lamentar que o livro homônimo de Victor...

O Lado Bom da Vida

Comédia romântica ou comédia dramática? O Lado Bom da Vida, adaptação do livro homônimo de Matthew Quick, tem essa indefinição. Não que seja necessário ou mesmo importante enquadrar um filme em algum rótulo. Essa peculiar indefinição é apenas um modo de ilustrar a característica singular desse filme, que pende para ambos os lados em um equilíbrio prazeroso de ver. Bradley Cooper interpreta Pat, um sujeito que acaba de receber alta de uma clínica para tratamento psiquiátrico. Ele foi internado depois de agredir o amante de sua mulher num...

terça-feira, janeiro 29, 2013

Caça aos Gângsteres

De tão esquemático e previsível, Caça aos Gângsteres parece um daqueles brinquedos de montar saído de um encarte de caixa de cereal: recorte aqui, dobre aqui, cole aqui e pronto. Na mesma linha esquemática do roteiro e da trama seguem seus personagens, que mesmo interpretados por atores de qualidade, formam um conjunto de caricaturas. Ambientado na Los Angeles de 1949, o filme mostra o embate entre a polícia e o gangster mais poderoso da cidade, interpretado por Sean Penn. Ele é Mickey Cohen, e comanda uma rede de ilegalidade que vai de...

O Mestre

Por ser um filme tão aberto, montado desde o início sobre elipses e que não apresente respostas fáceis para a natureza dos personagens, nem para as relações que se estabelecem entre eles, O Mestre acaba sendo quase que uma antítese do que se vê por aí em matéria de cinema. E isso pode incomodar alguma plateia, especialmente aos que esperam uma tradicional trama mastigada, com respostas muito bem explicadas. Contudo, é justamente por essa incerteza, calcada sempre em um indefinido desconforto no modo como seus personagens transitam e se esbarram,...

quinta-feira, janeiro 24, 2013

País do Desejo

Filme cheio de deficiências, País do Desejo não lembra nada o ótimo cinema de Paulo Caldas, em cujo currículo de diretor tem os ótimos Deserto Feliz (2007) e Baile Perfumado (1997). Ainda que o refino técnico do diretor se faça notar no filme, o que mais sobressai é a ausência de uma força reconhecível, além de uma entrega a muitas pontas soltas desnecessárias. Num único filme, assuntos demais tendem a dizer coisas de menos. É o pecado da pretensão e do excesso. Maria Padilha vive uma pianista com uma doença terminal. Exibe grande ceticismo...

quarta-feira, janeiro 23, 2013

Caverna dos Sonhos Esquecidos

Até o momento, apenas três filmes usaram o recurso do efeito 3D de forma verdadeiramente relevante para o que pretendiam mostrar. São eles: As Aventuras de Hugo Cabret, de Martin Scorsese, As Aventuras de Pi, de Ang Lee, e o filme-homenagem Pina, de Wim Wenders, dedicado á coreógrafa alemã Pina Baucsh (1940-2009). Em todos esses casos, a qualidade e o apuro das imagens tridimensionais levaram o espectador a uma experiência que não seria a mesma sem o 3D. O quarto a filme a poder figurar nesta lista estreia em São Paulo, exclusivamente no...

domingo, janeiro 20, 2013

Django Livre

Mais uma vez, Quentin Tarantino veste a roupagem que lhe atribuíram e faz o papel desse diretor brilhante que mistura referências e influências num cozido de qualidade cheio de estilo. Acontece, porém, que, em Django Livre, embora esta roupagem ainda lhe sirva, o tal papel de diretor brilhante já não parece se encaixar tão bem. Estaria Tarantino começando a ficar nu? O fato é que, desde sua estreia com Cães de Aluguel (1992), o diretor vem incorporando a seus filmes suas referências de cinéfilo e de profundo conhecedor da cultura...

quinta-feira, janeiro 17, 2013

Essential Killing

Em Essential Killing o diretor polonês Jerzy Skolimowski desmonta qualquer estrutura de perspectivas e pontos de vista. Ali não importa a história, importa apenas o homem. Quando fixa sua câmera neste homem, o diretor nos leva à imersão completa de uma insistente luta pela sobrevivência. Mas na forma como se apresenta, esta sobrevivência não surge dourada de heroísmo ou bravura, mas tão somente de instinto e humanidade. Em uma atuação brilhante (e fisicamente extenuante), Vincent Gallo é esse afegão sem nome capturado pelos norte-americanos...

quarta-feira, janeiro 16, 2013

Amor

Mesmo quando fala da delicada condição do amor, o austríaco Michael Haneke o faz pelo viés do sofrimento. Acusado algumas vezes de sádico por impor uma espécie de tortura ao espectador de seus filmes, esse diretor exige sempre de seu público a vontade necessária para suportar a angústia. Seja essa angústia de cunho claramente violento, como em Violência Gratuita (1997); seja de terror psicológico, como em Caché (2005); seja na exploração na natureza de um mal atávico, como em A Fita Branca (2009). Em Amor, Haneke lança seu olhar para o envelhecimento...

terça-feira, janeiro 15, 2013

João e Maria: Caçadores de Bruxas

João e Maria: Caçadores de Bruxas chega como mais uma produção-sintoma do atual momento da indústria de cinema de Hollywood. O momento, segundo diz-se, é de crise de criatividade, e a consequência disso é uma avalanche de produções que adaptam ou repaginam histórias conhecidas. Nesta onda têm entrado HQs, contos infantis, refilmagens, continuações, prólogos e reinício de franquias de sucesso. A verdade é que não há crise de criatividade alguma. O que ocorre é uma onda de conservadorismo de investimento. Tem-se preferido apostar dinheiro em...

domingo, janeiro 06, 2013

O Som ao Redor

Enquanto artigos em jornais, textos acadêmicos e mesas de sociologia discutem o Brasil econômico e social recente, Kleber Mendonça Filho fez um filme. E ao realizar seu primeiro longa de ficção, o diretor conseguiu algo muito simples: desenhou para que a gente entendesse. Esqueça tanto palavreado: vá ver O Som ao Redor. Porque ali, de forma simples, está contido quase tudo. Porém, detrás dessa simplicidade aparente, está construído um universo cheio de cotidiano, através do qual se revela nas entrelinhas uma complexidade e uma visão...
 

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