sábado, abril 14, 2012

12 Horas



Depois de Nina, O Cheiro do Ralo e À Deriva – três produções nacionais que mostravam um constante amadurecimento de seu diretor –, o cineasta pernambucano Heitor Dhalia entra para o grupo de diretores brasileiros a trabalhar em Hollywood. Ele topou o desafio, mesmo sabendo das amarras que isso implicaria. Afinal, diferente do que estava acostumado no Brasil, o diretor não teve a mesma liberdade e sentiu na pele a pressão de se trabalhar em um ambiente como o da indústria de cinema norte-americana.

O resultado disso é 12 Horas, estrelado por Amanda Seyfried (de A Garota da Capa Vermelha e Mamma Mia). Um filme quase correto, sem qualquer brilho ou inventividade. Trata-se de um thriller de suspense e como filme de gênero segue a cartilha e faz a lição de casa. Nada mais.

Seyfried é Jill, uma garota que vive em uma pequena cidade do Oregon. Ela divide a casa com a irmã Sharon (Jennifer Carpenter, de O Exorcismo de Emily Rose) e trabalha a noite em uma lanchonete. Jill sofre de um forte trauma, resultado de fatos acontecidos dois anos atrás. No episódio, ela fora encontrada em uma floresta nos arredores da cidade. Dizia ter escapado de um serial killer que a levara de casa no meio da noite e a jogara em um buraco no meio da floresta. Como ela não apresentava sinais de violência ou abuso sexual e o buraco nunca fora encontrado, todos passaram a duvidar de sua história.

Obcecada em provar que dizia a verdade, desde então ela tem vasculhado a floresta em busca de pistas. Até que um dia, ao voltar para casa do trabalho, descobre que a irmã desapareceu. Certa de que o assassino voltou, tenta alertar a policia, que mais uma vez duvida dela. Sem alternativa, passa a procurar pela irmã sozinha enquanto foge dos policiais, que passam a considerá-la perigosa por estar armada.

Desse ponto em diante, o filme se desenrola nos termos da cartilha desse gênero. Pena que escolhe pôr em prática as lições mais básicas ao invés de buscar pelas avançadas ou criativas. Perde muito, por exemplo, em não explorar ao máximo a ambiguidade de sua protagonista. Sua obsessão poderia render um bom gancho para manter acesa a dúvida e o suspense a respeito de suas motivações serem reais ou fruto de sua paranoia.

Mas nada é pior do que o desfecho decepcionante e apressado. Com um anticlímax mal arranjado, deixa a impressão de roteiro remendado, de serviço feito às pressas. Assim, o que já vinha medíocre termina tedioso.

Por seguir certos passos da cartilha, 12 Horas até funciona em alguns momentos, mas muito pouco para o que se poderia esperar do gênero. Desse resultado, pouco se pode culpar o diretor, sempre atado a contratos e produtores, além de neófito em um mundo cheio de armadilhas. Mas tampouco se pode isentá-lo, uma vez que está lá, assinado por ele.
--
Gone
Heitor Dhalia
EUA, 2012
94 min.

Trailer

0 comentários:

 

Eu, Cinema Copyright © 2011 -- Powered by Blogger