Não
há muito o que argumentar. Fugir das listas de final de ano é ficar de fora da
discussão. Sim, são clichês e repetitivas, mas todo mundo gosta. O Eu, Cinema lista abaixo a relação dos 15
melhores filmes vistos em 2011. Não estão em ordem de preferência, são apenas
os melhores – dentre os que foram vistos - e ponto. Fique a vontade para
discordar, debater e também montar a sua e publicar nos comentários.
Melancolia: “Atravessar Melancolia não é uma experiência pela
qual seja simples passar. Lars von Trier nos leva a uma realidade onírica de
imagens belíssimas. Imagens que muitas vezes nos provocam uma angústia e um
desconforto sutil, mas intenso. Algo que nos incomoda na alma, para além do
consciente.”
A Pele que Habito: “Na soma das influências,
Almodóvar compõe uma história em que o bizarro toma proporções assustadoras,
mas com sua inconfundível assinatura. Além das obsessões recorrentes, essa
assinatura está no modo como são trançados os fios narrativos da trama, sempre
com uma cadência afinada, suave, sem sobressaltos.”
Balada do Amor e do Ódio: “A tragédia inevitável
resulta na morte de qualquer possibilidade. É a perda irreparável de algo
sublime pelo qual se lutou no início e que foi esquecido em meio a tanto ódio e
desejo de vingança. Do amor, que era sincero em ambas as partes, ainda que diferente
na forma e no trato, criou-se o ódio e a violência sem sentido. Quando tudo
termina, resta o sangue na cruz imensa e onipresente do catolicismo, tão
determinante nos rumos da nação. É o mesmo sangue que manchou e desfigurou essa
nação. Aos perpetradores desse sangue só resta o choro convulso e a culpa
inalienável.”
Biutiful: “Ao sair da sessão não se
pode, imediatamente, deixar o filme para trás. Ele te acompanha, está em seus
poros, em seus olhos, em sua alma. Essa capacidade de permanecer por tanto
tempo conosco depois do fim é uma coisa rara, uma capacidade cinematográfica
única que só os grandes filmes possuem. Biutiful
é um deles.”
Gainsbourg - O Homem queAmava as Mulheres: “Com uma
bela fotografia, recheado pelas ótimas canções de Gainsbourg, o filme tem uma
cadência elíptica e vibrante, capaz de nos remeter à efervescência dos anos 60
e 70. Um trabalho de montagem competente que contribui para a aura fantasiosa
que o filme, desde o início, apresenta. Pois para um ícone tão a frente de seu
tempo, nada mais apropriado que uma generosa dose de fantasia.”
Homens e Deuses: “Homens e Deuses é um filme que diz muitas coisas, nem sempre com palavras, nem sempre
fáceis de entender. A mim trouxe, entre outras coisas, a mensagem de que a
crença, a fé, seja ela no que for, transforma e fortalece o homem. E o mundo
precisa muito de homens transformados e fortalecidos.”
Incêndios: “Incêndios”é
mais que um retrato da guerra, do horror e das vidas tiradas ou transformadas
pelas atrocidades político-religiosas de sociedades pautadas pelo ódio e pelo
sentimento de vingança. É acima de tudo um exemplo, um poema negro pelo
rompimento desse ciclo, pela aceitação da vida e pela pacificação do espírito
através do perdão e do desvelo de toda verdade.”
Isto Não é UmFilme: “O título deste filme não é uma figura de linguagem, é uma verdade. Isto
Não é um Filme não é um filme porque seu idealizador, o premiado diretor
iraniano Jafar Panahi, está condenado em seu país, proibido de fazer filmes. É
com o desejo de resistir que o diretor de obras como O Círculo e O
Balão Branco usa de um artifício para dar voz a seu dilema. Ele está
proibido de filmar, mas não de ser filmado; ele está proibido de escrever novos
roteiros, mas não de ler roteiros já escritos.”
Meia-Noite em Paris: “A fantasia que Wood Allen
constrói a partir das improváveis peripécias de seu protagonista por uma Paris
mítica, revela não apenas uma deferência aos grandes artistas que coabitaram a
cidade no início do século. Mas evidencia também a idealização do passado que
afeta tantos de nós, credores de um saudosismo daquilo que sequer vivenciamos e
que por isso mesmo cremos ser melhor que o presente. Nesse sentido, vivemos a
permanente insatisfação do tempo, achando sempre que o antes era melhor que
hoje.”
Namorados para Sempre: “Ao contrapor o romance
inicial com a dureza da realidade de um casamento que se desgasta, o filme se
mostra disposto a nos colocar no chão, a nos tirar do conforto lírico do
romance idealizado. Revela, com isso, que a vida segue em frente. Isso me
lembra uma frase de um filme que deve estrear ainda este mês, The Romantics, quando alguém diz que
qualquer um é capaz de um grande gesto romântico, o problema é o que vem depois.”
Não Me
Abandone Jamais: “Não há,
na tragédia que os assombra, um sofrimento intenso, de esmagar. Está tudo nos
detalhes, nos gestos e na solidão. É a sutileza da direção, a fotografia de
atmosfera melancólica, a passividade da aceitação de seus destinos. Evitando
sufocar a história com uma pesada constatação da dor de cada um, opta-se pelo
frescor da juventude e pela tristeza intrínseca no sentimento de cada um deles.”
O Garoto da Bicicleta: “O Garoto da Bicicleta não é cinema direto, é vida direta. Como na
vida, o amargor está presente. Como na vida, o doce da experiência é raro e
pontual. Mas neste filme dos Dardenne, o reparo dos males cometidos, a educação
pelo amor, a possibilidade do novo e do bom na vida amarga de um jovem
abandonado pode ser a vida em sua esfera menos comum, mas tão possível quanto
toda ela.”
O Homem do Lado: "O Homem ao Lado se revela uma crítica contundente e pessimista a uma elite despreparada
para a convivência social por estar permanentemente encerrada num anacronismo
pedante e vazio; sempre cercada dos mesmos acólitos destituídos de qualquer
pensamento crítico e que servem apenas como legitimadores dissimulados de uma
inexistente relevância social ou artística. Não fazem parte do mundo real,
apenas de seus pequenos mundos.”
Saturno em Oposição: "Saturno em Oposição é um filme sobre a vida, o tempo e a amizade. Sobre sentimentos
impossíveis de serem expressos, apesar de estarem à flor da pele. É uma obra
que desliza diante de nossos olhos, levando em sua passagem os sentimentos
duros e suaves que a vida nos impõe ou proporciona. Uma história na qual a
beleza não está no que se vê de imediato, mas no que se viu – sem se perceber –
enquanto o tempo passava.”
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