Flypaper
Rob Minkoff
Alemanha/EUA, 2011
87 min.
Deixe a verossimilhança de lado caso queira se divertir um poço
com Assalto em Dose Dupla. Embora não
entre de cabeça no nonsense, o filme
passa raspando em alguns momentos. Não se trata aqui do argumento, uma vez que na
comédia se podem abrir as portas do absurdo para nos fazer rir. O problema é
que o roteiro criar algumas situações que não colam muito bem, mesmo dentro da
estrutura cômica do filme.
Uma equipe de três assaltantes, treinados e com equipamento
tecnológico de ponta, invade uma agência bancária para roubar o cofre. Ao mesmo
tempo, uma dupla de ladrões rasteiros e caipiras entra para roubar os caixas
eletrônicos. Quando anunciam o assalto ao mesmo tempo, surpresos, iniciam um grosso
tiroteio. Quando as balas cessam por um instante, os assaltantes são
convencidos por um dos reféns a roubarem o banco juntos, sem atrapalharem o
trabalho um do outro. Como num acordo de cavalheiros.
O refém que dá a sugestão chama-se Tripp (Patrick Dempsey).
Ele sofre de um distúrbio de atenção que o faz notar, memorizar e analisar cada
detalhe do que vê. Essa obsessão piora por ele estar sem seus remédios. Isso o
faz agir como um Sherlock Holmes. Ele passa então a desconfiar que uma série de
coincidências desse assalto inusitado não sejam apenas obras do acaso, mas
parte de um plano conspiratório. Sem poder se controlar, fará de tudo para
descobrir mais pistas que comprovem sua louca teoria, enquanto é mantido refém
com outras pessoas.
Entre a ação e os diálogos iniciais, o filme segue bem. O
velho humor de situações malucas com personagens esquisitos tendo conversas improváveis
funciona. Isso graças à agilidade das falas e uma bem amarrada adição que não
deixa tempo para que se perceba os furos da situação. A boa contribuição desse
inicio engraçado vem dos ladrões, cuja distância entre profissionalismo e
estupidez cria uma boa sequência de cenas.
Essas qualidades vão se diluindo à medida que a trama desloca
seu eixo para os reféns e para a figura de Tripp e da caixa do banco Kaitlin
(Ashley Judd). Estes formarão o inevitável par “romântico” da história.
Funciona mal o filme sob esse eixo pela falta de carisma de ambos atores e por uma
completa ausência de sintonia entre eles. Mas o que de fato compromete são as
ações que o roteiro destina a eles. São os momentos em que o filme chega muito
perto do nonsense, quando mesmo
dentro da situação absurda que vivem fica difícil engolir suas ações e a falta
de consequência para elas.
Quando a trama se embaraça por um misterioso plano de queima
de arquivo, com mortes acontecendo como num suspense, a graça e a comédia já
deixaram o filme há muito tempo. Piora muito na hora do desfecho, quando as
explicações criam um embaraço muito maior, apresentando um plano que de tão
complicado não é apenas difícil de engolir é difícil até de entender.
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