Moneyball
Bennett Miller
EUA, 2011
133 min.
Em 2002, Billy Beane, manager
do Oakland AThletics, um time médio de baseball da Califórnia, abalou as
estruturas da liga profissional de baseball nos EUA. A história desse abalo foi
contada no livro Moneyball: The Art of
Winning an Unfair Game, de Michael Lewis, lançado em 2003. É para contar esta história que Brad Pitt encarna
o papel de Billy Beane em O Homem Que
Mudou o Jogo, filme que estreia nesta sexta-feira.
Mesmo longe do patamar de equipes como Red Sox e New York
Yankees, em 2001 o Oakland conseguiu chegar as finais da liga. Isso graças a
estrelas como Jason Giambi e Johnny Damon. Mesmo assim, sucumbiu diante dos
Yankees. Após a derrota, Billy vê seus melhores jogadores sendo levados por
times com mais dinheiro. Sem cacife para repor as estrelas pedidas, não sabe
como poderá montar um time para a próxima temporada.
É quando conhece Peter Brand (Jonah Hill, em ótima atuação).
Formado em economia, recém-saído da universidade, Brand não tem nenhuma
experiência no mundo do baseball. Contudo, ele desenvolveu um modelo matemático
que analisa os atletas da liga através de estatísticas. Segundo ele, essa
fórmula demonstra que jogadores desprezados por outros times – e, portanto,
mais baratos – podem dar melhores resultados do que as estrelas mais bem
cotadas.
Até então, o arcaísmo arraigado na cultura do baseball
chegava ao ponto de a aparência do jogador, e também de sua namorada, contarem
a favor ou contra sua contratação. Quando Billy passa a implantar o modelo de
Brand, a resistência que sofre é enorme. Dos conselheiros do time à imprensa
esportiva, passando pelo técnico Art Howe (Philip Seymour Hoffman), todos se
colocam contra ele.
Mas há outro fator que pesa sobre os ombros do dirigente. A
determinação dele em mudar as coisas está ligada a frustrações com seu passado
de jogador. Quando jovem, ele largou os estudos por um contrato com uma grande
equipe que via nele uma promessa do baseball. Mas sua carreira como jogador foi
decepcionante.
Embora pareça ser um filme sobre baseball, O Homem Que Mudou o Jogo é sobre a
necessidade de mudar, de correr riscos e de alcançar alguma realização. É sobre
aquele desejo que todos temos de um dia fazer algo que faça diferença.
Apesar de uma atuação mediana de Brad Pitt, o filme consegue
criar um arco que vai além de falar sobre um esporte quase indecifrável para
nós brasileiros. Fala de um sujeito que se sente perdido, que aposta suas
fichas quase às cegas apenas porque não suporta mais se sentir fracassado. E
para isso está disposto a brigar com tudo e com todos.
O arco dentro da história que melhor ilustra isso está na
relação de Beane com sua filha de 12 anos. Será através dela que ele conseguirá
entender a si mesmo e compreender o que busca e aonde quer chegar, por mais
intangível que tudo isso seja.
Dirigido por Bennett Miller (indicado ao Oscar de direção em
2006 por “Capote”), o filme evita muito bem clichês sobre superação e vitória,
típicos de filmes sobre esportes. Por outro lado, tem um ritmo morno, o que
esfria um pouco a história. Isso pode ser atribuído, talvez, ao efeito burocrático
do esporte que é seu tema. Mas o roteiro reserva uma sacada de grande
sensibilidade no final, quando o arco se completa e Beane finalmente tem uma catarse
de si mesmo, algo que vinha lhe escapando durante todo o filme.
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