34ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo
Abaixo, três resenhas em três parágrafos de três filmes da Mostra que não valiam três horas na feitura de três críticas completas.
A Graça (Sacràscia)
Bonifacio Angius
Itália, 2010
Tem uma proposta interessante ao flertar com o realismo fantástico. Menino de 10 anos peregrina descalço pelas estradas em busca da igreja do santo que salvou sua vida. Cumpre, assim, uma tradição católica de flagelo pela graça alcançada.
O filme entra numa espiral de cunho fantástico, o crescimento do menino indica que os anos passam enquanto ele prossegue em busca da igreja, sempre com a mesma roupa, sempre descalço, sempre com uma faixa curativa puída na cabeça.
Cruza com personagens bizarros, cíclicos. Apaixona-se, decepciona-se. O filme se torna monótono pela repetição. Pareceu-me um purgatório essa peregrinação, como se a realidade e a vida tivessem ficado noutro plano. Cansativo.
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Impacto (Bay Rong)
Le Thanh Son
Vietnão, 2009
Filme de ação vietnamita. Vai bem enquanto não se leva a sério. Depois cai na mesmice dos filmes de ação. Varia um pouco ao tentar problematizar as relações dos personagens, mas fica só na superfície. A intenção é boa, o resultado medíocre.
Fala, em sua essência e também na sua mesma inocência, de vingança, redenção e restituição. Nisso é até universal. Mas é filme de ação. Entre uma cena e outra de demorada trilha e longa conversa, cansa.
Contudo, tem boas sequências de lutas, com takes de duração dilatada, o que ressalta a boa coreografia. A câmera acelerada dá um bom efeito em alguns momentos. Perde ao querer dramatizar demais alguns personagens. Tem razoável qualidade técnica, mas se arrasta em algumas partes. Vale só por diversão.
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Não Tem Mais Majorette em Villalba (Non C'é Più Una Majorette A Villalba)
Giuliano Ricci
Itália, 2010
Fraco documentário sobre uma cidade no interior da Sicília que tende a desaparecer. Formada quase que só por aposentados, a cidade tem apenas 1800 habitantes e se encaminha para um encolhimento.
O diretor se limita a colher depoimentos de moradores e fazer imagens que retratam o bucolismo do lugar. Os personagens não apresentam nada de diferente, contam histórias do passado e falam que não se importam de morarem num lugar tão bucólico.
O mais próximo que se chega de algo intenso é nas reflexões sobre a morte, natural em um lugar só de velhos. Mas mesmo isso fica muito na superfície. O filme tem seu ponto alto no fim, quando duas solteironas que moram juntas afirmam terem já comprado seus caixões numa promoção: compraram dois e levaram três. Ficam guardados em casa.
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