Um filme de ação feito na Indonésia. Esta informação poderia ser suficiente para fazer muita gente olhar desconfiada para Operação Invasão. Mais conhecido pelo título internacional The Raid: Redemption, a produção asiática, contudo, acumula elogios de crítica e público como um autêntico representante do gênero de ação.
De fato, estão lá os elementos cristalizados desse tipo de
filme. Há o herói, com sua demanda e suas motivações, e há o grande desafio. O
roteiro e a história são secundários, apenas pretextos para que a ação ocorra. De
um lado, honra e lealdade, do outro, covardia e corrupção, e em ambos os lados:
policiais.
Um esquadrão de elite da polícia vai invadir um prédio que é
inteiramente dominado – e fortificado – por um poderoso narcotraficante. Esta é
a história.
Antes, porém, a abertura do filme reforça a obstinação e a
demanda de um desses policiais. Casado, esposa grávida e a promessa dada a um
homem velho de que vai trazer alguém de volta. Ali se firmam os laços
sentimentais e de honra, além do pequeno mistério que envolve a promessa.
O resto é ação e tiroteio, além de uma fina (não confundir
com refinada) trama que garante a típica virada surpresa perto do fim. Menos
importante que qualquer motivo pra tiros e socos, a tal surpresa da trama é tão
rala quanto o resto do enredo. Grossa mesmo, só a pancadaria. E é nisso que o
filme é bom.
Á frente dessa pancadaria está o ator indonésio e mestre em
artes marciais Iko Uwais. Campeão nacional de Silat, uma arte marcial praticada
na região, ele encarna Rama, um novato do esquadrão de elite que vai invadir o
prédio.
Já por trás da pancadaria está o diretor britânico Gareth
Evans, cujo filme anterior, Merantau,
também era recheado de lutas e estrelado por Iko Uwais. Em Operação Invasão, Evans condensa com muita competência a
estetização da violência do cinema de ação, em especial do cinema de artes
marciais.
Mais do que boas coreografias, o diretor utiliza uma
montagem precisa e dinâmica para ressaltar a intensificar as cenas de luta.
Ângulos criativos, sequências contínuas e perspectivas pouco acomodadas revelam
o empenho do diretor em filmar a ação sem permitir uma câmera preguiçosa.
Melhor ainda, não faz uso excessivo ou burocrático do desgastado recurso da
câmera lenta.
O resultado remete ao que há de melhor na tradição dos
filmes de artes marciais. Bem executadas, as lutas preservam até aquele exagero
que beira o cômico, mas sem cair nele. Algumas, em sequências de vários minutos,
são de tirar o fôlego. Entre uma e outra, o filme ainda estabelece uma tensão
que se equilibra entre o labiríntico e asfixiante.
Na sua estetização da violência, a fantasia do filme embarca
na brutalidade de perfurações à bala ou a faca, mas passa longe do exagero
sanguinolento despropositado. Com isso, consegue se ater ao que mais interessa
à sua proposta e gênero (a ação que não nos deixa piscar), sem perder o
equilíbrio na dosagem dos elementos secundários.
Em outras palavras, é filme de grossa pancadaria sem tempo
de enfeites. E seu êxito está principalmente em se assumir assim e não titubear
no meio do caminho.
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Serbuan Maut
Gareth Evans
Indonésia/EUA, 2011
101 min.
Trailer