Il Richiamo
Stefano Pasetto
Itália/Argentina, 2009
93 min.
Um
encontro capaz de mudar uma vida e a viagem que a modifica. É com essas premissas
que “A Viagem de Lúcia”, que estreia na próxima sexta (02),
apresenta suas personagens. É assim
com Lúcia (Sandra Ceccarelli), que para se reencontrar precisa
se perder. É assim com Lea (Francesca Inaudi), impulso da viagem, que segue
a mesma trilha para também se reencontrar. No fundo, quando partem, buscam
apenas o regresso.
Lúcia
e Lea são opostos. A primeira, comissária de bordo de uma companhia aérea; a
segunda, operária de uma indústria de frangos. Lúcia está na meia-idade. Casada
com um médico bem sucedido, leva uma vida ordenada e um casamento que se afunda
na incomunicabilidade. Lea, jovem e cheia de vida, vive com um tatuador que
quer se casar, mas ela resiste. Ambas vivem em Buenos Aires e esperam algo mais
da vida, mas não sabem o quê.
O
caminho delas vai se cruzar quando Lúcia tem uma gravidez interrompida. Afastada
do trabalho, volta a dar aulas de piano. Lea se torna sua aluna. Há o choque
entre a liberdade extremada de Lea e a rigidez conservadora de Lúcia. Um gelo
que aos poucos sucumbirá a uma atração e a uma partida para a Patagônia, onde
Lea realizará seu sonho de estudar biologia. Lúcia parte com Lea não em busca
de sonho, mas em fuga da notícia que recebera pouco antes, algo que muda completamente
sua perspectiva de vida.
Até
a partida - ruptura de ambas com a vida que levam e divisão da narrativa - o
filme segue bem, tem força e ritmo. Com a mudança, desliza para uma demora
maior, mais contemplativa e sem a mesma força. É o tempo de maturação da
mudança, mas que afeta o tom da narrativa, deixando-a inexpressiva.
Para
Lúcia, longe é um recomeço. O novo, que chegou tão depressa, dá o tempo e a
distância que ela precisa. Aprende que a vida não deve ser linear ou
previsível. Aprende, com algum sofrimento, que o idílio dura pouco e sempre vem
o naufrágio. Entre um e outro, o reencontro de si. Tanto para Lúcia, quanto
para Lea. Talvez entendam que precisavam de um porto para suas emoções. Ao
encontra-lo - ou não - na companhia uma da outra, descobrem a fragilidade de
tudo. Um novo aprendizado. Talvez mais compreensão, equilíbrio e aceitação.
Talvez o regresso, e mais um recomeço.
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