A palavra “Península”, nome da companhia aérea fictícia
estampado no avião que se prepara para decolar, entrega de cara o tom nada
sutil que Pedro Almodóvar parece querer dar à sua comédia gay Os Amantes Passageiros.

Ao mesmo tempo, na “classe executiva” e no comando da
aeronave, a elite toma consciência dos problemas do voo e dos riscos a que
estão sujeitos. Começa então o expurgo de pecados na típica neurose “almodovariana”.
Depois de uma densa e insólita obra-prima como A Pele que Habito – filme anterior do
diretor espanhol – parece que Almodóvar está agora mais preocupado em
divertir-se do que em realizar uma obra intensa. Assim, fica o insólito e sai o
denso.

Mas nada disso é, necessariamente, ruim.
Essa despretensão faz de Os
Amantes Passageiros um filme aparentemente bobo, mas muito eficiente em
fazer rir a plateia. Portanto, da falta de riso não se pode queixar-se –
exceto, talvez, os plantonistas filósofos da comédia, que exigem sisudamente
que até mesmo o riso seja sempre intelectualizado.

Isso pode até não bastar para fazer desse um bom filme do
espanhol, mas funciona bem para aquilo que se propõe: o riso sem dificuldade e piadas
simples sem rodeios. Quem esperar mais que isso, vai se decepcionar.

Dizer que Os Amantes
Passageiros é um filme bobo não implica mentira. Apenas simplismo. Feito
para rir, feito para divertir, a própria caracterização exagerada de seus
personagens gays é passaporte para deixar de lado o denso e fixar-se no
insólito. Por pura diversão.
Bobo mesmo é achar que um grande diretor como Pedro
Almodóvar não pode fazer algo assim. Ele pode e ele fez. Quem quiser que se
divirta.
--
Los Amantes Pasajeros
Pedro Almodóvar
Espanha, 2013
90 min.
Trailer
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