Já na abertura de Esses
Amores, o diretor francês Claude Lelouch deixa claro que o filme é uma
homenagem a si próprio e a seus 50 anos de carreira – com 43 filmes realizados.
Algo como um filme testamento, embora não de despedida.
Assim, entre o amor e o destino – temas recorrentes na obra
do diretor –, vemos muitas referências a filmes e diretores que influenciaram
Lelouch, como Marcel Carné e Victor Fleming, além de referências à sua própria
obra.
O filme é sobre Ilva (Audrey Dana), uma mulher nascida na
primeira metade do século 20, que atravessa guerras e amores sem medo de tabus.
Em torno dela há o destino, que fará com que sua vida cruze
com a vida de outros personagens, todos marcados de alguma forma pela guerra.
Entre a tragédia e a facilidade de Ilva em amar, esta mulher
colecionará amores, histórias e desventuras através dos anos.
Esses Amores é
visivelmente presunçoso. Também o é narrativamente. Perde-se por querer dizer
muito dizendo efetivamente pouco.
Na primeira metade, faz uma salada de personagens e
referências. Embaralha a História com uma narrativa de excesso e de atropelos.
Sem tempo para que o público crie simpatia pelo drama dos
personagens, mesmo os mais fáceis de nos emocionarem – como as vítimas do
Holocausto –, as histórias não despertam grandes sentimentos.
O resultado é um filme morno, que fala de paixões, de amores
e tragédias sem comover o expectador.
Para piorar, o diretor retarda ao máximo o desfecho final,
saltando no tempo e criando uma artificial relação de família e futuras
gerações.
Tudo envolvido por uma trilha que se esforça ao máximo em
emocionar, mas consegue apenas, de forma constrangedora, desmascarar sua própria
intenção de comover.
A impressão que resta no fim é de que o desejo de
autocongratulação de Lelouch se mostra como uma remoída pieguice. Absolutamente
pobre e insípida.
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Ces amours-là
Claude Lalouch
França, 2010
120 min.
Trailer
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