
Com diversos livros publicados e reconhecimento intelectual,
Uriel alcançou mais prestígio acadêmico que o pai, cujo grande orgulho na vida
é ter sido citado em uma nota de rodapé de um grande pesquisador.
Mais do que o desconforto com seu ostracismo em comparação
com o prestígio do filho, há um acontecimento do passado que afeta
profundamente Eliezer. Quando estava prestes a publicar o resultado da pesquisa
de toda sua vida – uma teoria que sacudiria o mundo acadêmico – ele viu seu
trabalho desperdiçado quando outro pesquisador, totalmente por acaso, descobriu
antigos manuscritos que confirmavam sua tese. O outro pesquisador publicou
antes e ficou com os louros da descoberta. O que contribui para Eliezer ser
posto de lado no mundo acadêmico.

Ao se aproximar dessa tensa relação entre pai e filho, o
filme fará sua transição ao mudar seu enfoque para Uriel, quando este terá de
resolver uma grave confusão criada por um comitê acadêmico envolvendo ele e o
pai. A partir daí a trama colocará sobre o filho o peso de uma decisão cujas
consequências poderão afetar sua carreira e a já complicada relação com o pai.
A excelência do roteiro de Nota de Rodapé está em tramar uma série de complicações que, além
de intensificarem a relação familiar, revelarão os brios muitas vezes infantis presentes
nas vaidades e intrigas acadêmicas. Na decupagem desse roteiro, a direção de Joseph
Cedar mostra competência em uma refinada passagem da quase de comédia para um
desfecho intenso e, sob alguns aspectos, até pessimista.

Por baixo desse verniz cômico, há uma história de relação entre
pai e filho. Nesse aspecto, vê-se o espelho natural que surge dessa relação. Um
jogo de reflexo em que cada lado se vê no outro e sente nesse jogo certo
fascínio de vaidade, mas também um indisfarçável desconforto.
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Hearat Shulayim
Joseph Cedar
Israel, 2011
103 min.
Trailer
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