Philip (Robrecht Vanden Thoren), Lars (Gilles de Schryver) e
Jozef (Tom Audenaert) são três amigos inseparáveis que compartilham deficiências
físicas. Philip é portador de uma doença degenerativa que limita gravemente
seus movimentos abaixo do pescoço, Lars ficou paraplégico após o surgimento de
um tumor e Jozef é praticamente cego. Além de jovens e deficientes,
compartilham ainda uma terceira particularidade: são todos virgens. E não
querem, de modo algum, permanecerem assim.
A oportunidade para solucionar o problema do sexo surge
quando um deles descobre que na Espanha, em uma cidade litorânea, existe um
bordel especializado em atender deficientes. Como não podem pedir para que seus
pais os levem a um bordel, planejam uma viagem só entre eles, de van,
acompanhados por um enfermeiro-motorista.
Vencida a resistência inicial dos pais, que acreditam que
eles vão fazer uma rota de degustação de vinhos, planejam a empreitada. Mas
algo inesperado acontece e o que era consentido se torna clandestino. Em suma,
eles acabam indo sem a autorização dos pais, fugidos na calada da manhã. Quem
os levará será Claude (Isabelle de Hertogh), que eles achavam tratar-se de um
homem, mas é na verdade uma mulher. Uma mulher grande, durona e sem muita
delicadeza, responsável por conduzi-los ao “Cielo”, nome da casa de tolerância
em Espanha.
Assim, Hasta La Vista!
se torna um divertido filme de estrada, mostrando que as limitações dos
personagens não os limitam de viver intensamente. O filme é recheado de piadas sobre
as deficiências de cada um e são essas as que melhor funcionam. Mas a história
não se trata de uma comédia e sim de uma aventura estradeira entre quatro
personagens improváveis descobrindo novos sentimentos e prazeres. Como em
qualquer filme de estrada, é a viagem e a convivência que os transforma e os
revela. Tanto no que eles têm de bom quanto de perverso.
Apesar da boa história nas mãos, o filme escorrega em
algumas superficialidades. Uma delas é a forma esquemática com que constrói a
relação entre Claude e os três viajantes, apelando até para uma piada clichê e
óbvia. Peca também por não desenhar melhor a personalidade de cada um,
mantendo-os dentro de alguns estereótipos: o mimado e egoísta, o que sofre com
a possibilidade da morte e o delicado sensível. Até pelas boas ótimas atuações
apresentadas, os personagens mereciam uma melhor densidade individual.
Também fica bastante ao largo a polêmica que foi levantada
pelos personagens reais que deram origem ao filme. Uma discussão sobre o direito
dos deficientes físicos de terem uma vida sexual ativa, mesmo que para isso
tenham que recorrer ao sexo pago. É essa a bandeira levantada por Asta Philpot,
o norte-americano deficiente que iniciou todo um debate sobre o assunto e que
inspirou outros deficientes a buscarem sua satisfação sexual.
Porém, independente dos deslizes, Hasta La Vista! traz para a tela uma inesperada aventura sobre
rodas, guiada pela aceitação e pelo direito de se viver livre e intensamente, a
despeito de condições limitadoras. Como filme de estrada entre amigos, reforça
laços de amizade, de cumplicidade e companheirismo. E também de prazer; seja ele
o da carne ou o da aventura entre bons companheiros.
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Hasta La Vista!
Georffrey Enthoven
Bélgica, 2011
115 min.
Trailer
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