quinta-feira, março 15, 2012

Projeto X – Uma Festa Fora de Controle


Projeto X surgiu como um filme-incógnita. Não apenas pelo “x” do título, mas pelo conteúdo estranho que seus trailers exibiam: cenas de uma festa com aquela estética de comercial de vodka. Mas quando o filme completo se revelou em sua dimensão de absoluto descontrole, surpreendeu imensamente. E causou risos como há muito tempo eu não via – e não ria – em uma plateia de cinema.

Não há nada de genial ou original na composição desta comédia sobre descontrole e ímpeto juvenil. Nem mesmo em sua estrutura, que recorre ao batido recurso da câmera amadora filmando tudo o tempo todo como registro de fatos reais. Este recurso, aliás, já serviu como artifício para impingir às imagens e às histórias uma aura de verdade, de realidade documentada. Hoje, se apresenta apenas como uma muleta que invariavelmente apresenta buracos estruturais e não convence ninguém. Mas até isso funciona de forma integrada em Projeto X, não como um recurso articulado, mas como um efeito intensificador do absurdo.

Thomas (Thomas Mann) está fazendo aniversário; 17 anos. Seus pais vão viajar no final de semana e o jovem, fortemente influenciado por seu amigo Costa (Oliver Cooper) e auxiliado pelo gordo JB (Jonathan Daniel Brown), pretende dar uma festa em sua casa. É claro que seus pais desconfiam disso, mas consideram o filho e seus amigos tão pouco descolados que simplesmente não cogitam que a coisa vá além de algumas pizzas, videogame e meia dúzia de amigos bobocas.

Mas a ideia de Costa é fazer uma festa para mudar a imagem que ele e seus amigos têm na escola. É a chance de se tornarem populares e conseguirem ficar com aquelas garotas que nem sabem que eles existem. Contudo, nenhum deles poderia imaginar que a notícia da festa se espalharia de forma tão rápida e muito menos a proporção catastrófica que as coisas tomariam.

Abusando de piadas sexistas e dando um dedo médio para o politicamente correto, Projeto X abre com uma mensagem se desculpando com as autoridades locais pelo que vai ser mostrado a seguir. Seus 20 minutos iniciais, que mostram os preparativos para a festa, causaram mais risos do que a maior parte das comédias lançadas no ano passado. É besteirol, mas um besteirol que articula e resgata um tipo de irresponsabilidade e excitação juvenil que qualquer um que tenha sido jovem já sentiu. Por isso é engraçado, porque é catártico e porque é realizado com autenticidade, em um tom espontâneo e convincente.

Por ser sexista, pode não agradar ao sexo feminino, que não compartilha do mesmo tipo de humor desbocado e safado que o filme promove. O que, como bem lembrou um amigo crítico, não é diferente da relação masculina com Sex and the City. Talvez para amenizar a resistência do público feminino o roteiro de Projeto X apresenta seu grande defeito quando em meio à anarquia coloca uma dose de sentimentalismo. O “alívio romântico” acaba por desvirtuar o que o filme tem de melhor que é sua anticaretice e total entrega ao anárquico e irresponsável.

Mesmo com esta falha, Projeto X se sai muito bem como comédia. Sem grandes pretensões, atualiza um gênero que tem em sua linhagem filmes como A Última Festa de Solteiro e Curtindo (1984) a Vida Adoidado (1986). Tem personagens impagáveis e um desdobramento de proporções absolutamente inesperadas. É de todo absurdo monumental que vem grande parte de seu humor e talvez um certo fascínio pelo tom lendário que a festa e os personagens vão tomando. E além de boas gargalhadas, há o assombro, que cresce cada vez que se percebe o quanto uma simples festa vai se tornando um evento de descontrole sem precedentes.
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Project X
Nima Nourizadeh
EUA, 2012
88 min.

Assista ao trailer

2 comentários:

Anônimo disse...

o filme e veridico?

Anônimo disse...

O filme e muito manero

 

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