Nando Olival
Brasil, 2011
78 min.
Ao abrir seu filme descrevendo o óbvio significado das
palavras amizade, amor, paixão e tesão, o diretor Nando Olival nos lança de
imediato um desnecessário clichê. Estreando na direção solo (ele codirigiu o
longa “Domésticas”, ao lado de Fernando Meirelles), Olival se deixa levar por
muitos lugares-comuns, que se repetem ao longo do filme, prenunciados desde a
abertura.
É o caso, por exemplo, da narração feita por Rafael (Victor
Mendes). Uma muleta explicativa que abre e pontua a narrativa com excesso de
didatismo, explicando com alguma verborragia o que já está claro (ou poderia
estar) na tela, através das imagens.
Recém-chegado a São Paulo para cursar a universidade, Rafael
conhece em uma festa Camila (Juliana Schalch) e Cazé (Gabriel Godoy). Também vindos
do interior para estudar, entre eles apenas Cazé tem lugar definido para morar.
Ele alugou o segundo andar de um velho prédio industrial desativado, no centro
da cidade. Com espaço de sobra, convida os dois para morar com ele.
Uma regra é criada logo de início: durante os quatros anos
de estudos não poderão se relacionar entre si. Com a concordância de todos,
seguem vivendo juntos. Rafael, como narrador, vai explicando os altos e baixos
da convivência até chegarem ao último ano. É quando apresentam um trabalho de
conclusão que propõe um reality show online com vendas em tempo real. Um
empresário que assistia à apresentação convida os três a realizarem o projeto
com eles mesmos como participantes.
Os três resistem à ideia de início, mas acabam aceitando. Para
aumentar a audiência do programa, criam por conta própria um roteiro para
interpretarem diante das câmeras. Surgem então falsas intrigas, brigas e um
inevitável triângulo amoroso. Porém, com sentimentos reais em jogo, os três passam
a ter dificuldade em diferenciar o que é real e o que é simulação.
A boa química entre os três atores deixa os diálogos
espontâneos, com naturalidade e fluidez. Mas não bastam para salvar o filme,
que se perde nas inconsistências do roteiro, com uma pretensão de crítica à
televisão que não se sustenta muito bem. Com os muitos clichês e um final bobo,
o filme se torna uma colagem de ideias interessantes desperdiçadas pelo roteiro
fraco.
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