segunda-feira, agosto 01, 2011

Retrospectiva Maristela resgata história do cinema paulista

Centro Cultural Banco do Brasil exibe filmes dos estúdios do Jaçanã


Nem só de samba paulista vive o Jaçanã, bairro da zona norte paulistana imortalizado na canção “Trem das Onze”, de Adoniran Barbosa. O bairro também foi palco da história do cinema nacional, quando, nos anos 50, abrigou a Companhia Cinematográfica Maristela.

São os frutos dessa importante passagem do cinema paulistano que o Centro Cultural Banco do Brasil resgata através da Retrospectiva Maristela, que estará em cartaz em São Paulo, de 03 a 14 de agosto. A mostra reúne todas as obras produzidas pelos estúdios da Maristela, que permaneceu em atividade de 1950 a 1958.

Efervescência cultural
A Maristela surgiu em São Paulo na esteira da efervescência cultural que a cidade vivia no início dos anos 50. Contaminado pelo clima de otimismo e prosperidade, Mario Audrá Júnior, um jovem empreendedor filho de prósperos industriais, se une a Ruggero Jacobbi e Mario Civelli, duas figuras importantes nas rodas culturais da cidade para fundar a Companhia Cinematográfica Maristela.

Logo, junta-se aos três o renomado produtor e diretor Alberto Cavalcanti, um dos principais nomes da então poderosa Vera Cruz, que se desligara da companhia por conta de atritos com seu fundador, Franco Zampari.

Meio-termo
A companhia realizou 14 filmes em seus oito anos de atividade. Sua intenção era realizar filmes que fossem um meio-termo: longe do escracho das chanchadas da Atlântida, mas sem a pomposa presunção artística e intelectual da Vera Cruz.

Embora pouco lembrada quando se fala da história do cinema nacional, a Maristela realizou obras importantes, como a primeira adaptação para o cinema de um texto Nelson Rodrigues, “Meu Destino é Pecar” (1952), de Manuel Peluffo. Com Alberto  Cavalcanti na direção, realizou as premiadas comédias “O Comprador de Fazendas” (1951), “Simão, o Caolho” (1952) e “Mulher de Verdade” (1954). Também realizou filmes de suspense policial, como “Quem Matou Anabela” (1955), de D. A Hamza e dramas de violência como “Mãos Sanguentas” (1954), de  Carlos Hugo Christensen.

Concorrência
A exemplo do que aconteceu com as demais iniciativas paulistas de cinema industrial, como a Multifilmes e a Vera Cruz, a Maristela não resistiu à concorrência dos filmes internacionais, que ocupavam o circuito exibidor, sufocando qualquer possibilidade de espaço para suas produções. Com a retrospectiva promovida agora pelo CCBB, surge uma oportunidade de se conhecer o trabalho heroico e sonhador dos que fizeram uma parte da história do cinema nacional.
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Serviço:
Retrospectiva Maristela
Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Álvares Penteado, 112 - Centro
De 03 a 14 de agosto (de quarta a domingo)
Ingressos: R$ 4,00 (meia: R$ 2,00)
Tel: (11) 3113-3651
Mais informações, clique aqui.

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