quarta-feira, agosto 03, 2011

Não Se Preocupe, Nada Vai Dar Certo



Não Se Preocupe, Nada Vai Dar Certo
Hugo Carvana
Brasil, 2011
100 min.

Depois de 21 anos longe do cinema, Tarcísio Meira retorna à tela grande em novo filme de Hugo Carvana. Mas, infelizmente, sua atuação é a única coisa positiva do filme, uma comédia quase incapaz de fazer rir.

“Não Se Preocupe, Nada Vai Dar Certo”, que estreia nessa sexta (05), é sobre dois atores mambembes atrapalhados que se apresentam em cidades do nordeste brasileiro. A história é narrada por Lalau Velasco (Gregório Duvivier), filho de Ramon Velasco (Tarcísio Meira). Durante uma apresentação de stand up comedy, Lalau conta as aventuras dele e de seu pai, um especialista em se envolver em confusão e que quando a coisa fica feia repete o bordão: “Não se preocupe, nada vai dar certo”.

A história começa quando a polícia baixa numa rinha de galos comandada por Ramon, que tem de fugir da cidade. Para não abandonar o pai, Lalau deixa para trás Rosa (Mariana Rios), com quem vivia em uma casa na praia. Pai e filho vão parar em Fortaleza, onde Lalau passa a se apresentar em um hotel e onde Ramon retoma um velho caso com a dona de um bordel.

Após uma de suas apresentações, Lalau conhece Flora (Flávia Alessandra), executiva que oferece uma grana alta para o ator se passar por um guru espiritual durante um workshop motivacional de uma grande empreiteira no Rio de Janeiro. Lalau aceita, e parte para o Rio sem avisar seu pai, que, depois de descobrir o golpe do filho, vai em seu encalço.

Na pele do guru Bob Savanandra, Lalau se deixa seduzir por uma das sócias da empresa (Ângela Vieira). Mas ela acaba assassinada a tiros depois de descobrir fraudes em licitações da empreiteira. Preso como principal suspeito do assassinato, Lalau terá que contar com a ajuda de seu pai que, através de vários disfarces, irá investigar o crime e tentar provar a inocência do filho.

Os problemas de “Não Se Preocupe...” começam pelo roteiro, que vai pouco além de uma série de retalhos mal costurados, incapaz de fazer sentido. Tem tantos lapsos que chega a ser constrangedor, mesmo sendo o filme uma (tentativa de) comédia escrachada. Na tela, o que se vê são atuações pífias, pouco inspiradas, e uma direção de arte novelesca, um pastiche de televisão.

A dupla Tarcísio Meira e Gregório Duvivier não consegue criar química suficiente para o humor e o filme simplesmente não consegue fazer rir. Salvam-se, contudo, algumas cenas de Tarcisio, que quando só em cena faz o filme descolar um pouco do raso irrisório, com perdão do trocadilho.

Esses momentos melhoram ainda mais quando seu personagem, utilizando disfarces canastrões, se passa por vários tipos, como embaixador de um país exótico, detetive casca grossa ou advogado experiente. Mas, apesar desses bons momentos, o filme não deixa de ser bastante pífio.

Hugo Carvana se mostra, por fim, um diretor irregular, que vai de obras excelentes como “Vai Trabalhar Vagabundo” e “Bar Esperança” para filmes constrangedores como “A Casa da Mãe Joana” e agora “Não Se preocupe...”. Embora o diretor mantenha seu discurso de que seu cinema é um tipo de cinema despreocupado com a vida séria e que se pretende apenas como leveza para rir e divertir. Ele já provou conseguir fazer esse cinema com muita qualidade e inspiração, sem cair no rasteiro e insosso de comédias precárias, como é o caso desse filme.
--

0 comentários:

 

Eu, Cinema Copyright © 2011 -- Powered by Blogger