domingo, julho 03, 2011

Breviário da Semana Nº 05

Um semanário muito breve


Como devem ter notado, falhei. Não publiquei o breviário da semana passada. Isso aconteceu porque simplesmente não vi filme algum, pois estava em viagem de prazer por Natal. Quem se interessar por crônicas, venho publicando uma série delas sobre essa viagem no meu outro blog, o Obscenum. De volta às atividades, vamos aos filmes dessa semana.

Em Frenesi, assassinatos assolam Londres
Um Fellini que vinha me escapando algum tempo e que consegui ver em casa, E La Nave Va, de 1983, é cheio de referências ao próprio cinema e sua evolução técnica ao longo do tempo. Sua trama, passada às vésperas da Primeira Guerra Mundial, se concentra nos personagens ilustres que viajam em um navio para a realização do funeral de uma grande cantora de ópera. Fellini destila seu humor crítico para a afetação da alta sociedade e confronta a todos quando numa noite o capitão do navio recolhe um grupo de refugiados sérvios que estavam à deriva. O filme passeia entre o tom documental, logo revelado como farsesco, ao surreal.

Em cartaz nos cinemas, Quebrando o Tabu, de Fernando Grostein Andrade, é um documentário que tenta jogar luz à questão da descriminalização da maconha. Conduzido pela figura do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o filme faz uma colagem de entrevistas, declarações e dados estatísticos sobre consumo, combate e problema das drogas ao redor do mundo. Embora apresente informações e análises interessantes, que dimensionam a problemática das drogas e algumas alternativas para seu combate ou diminuição dos danos sociais, o filme se perde sem uma linha clara de defesa.  Ao apresentar um painel multifocal de alternativas, perde seu foco e não desenvolve qualquer teoria, nem deixa claro o que sustenta ou não sua narrativa. Não deixa, contudo, de ser uma experiência interessante e um meio válido para conhecer um pouco melhor e de diferentes ângulos um problema grave de nossa sociedade.

Em cabine para imprensa, vi Não Se Preocupe, Nada Vai Dar Certo, novo filme de Hugo Carvana que estreia dia 5 de agosto. É uma comédia protagonizada por Tarcísio Meira e Gregório Duduvier. Falarei mais dela próximo de seu lançamento.

Gainsbourg compõe para Brigitte Bardot
Na Mostra Hitchcock, pude conferir mais um ótimo filme do mestre. Frenesi, de 1973, não está entre seus melhores, mas ainda assim carrega a marca, o humor e o talento desse grande diretor. A trama envolve um serial killer que atua em Londres e tem como marca registrada estrangular suas vítimas com uma gravata. Quando todas as evidências incriminam o inocente Richard (Jon finch), ele se verá obrigado a fugir da polícia, mas uma novas morte o incriminará mais ainda.

Estreou, nesse final de semana, Estranhos Normais, sobre o qual já escrevi aqui. É uma divertida comédia italiana que brinca com a metalinguagem para extrair a normalidade de dentro da estranheza. Apresenta um quadro de personagens peculiares que ao se relacionarem encontrarão novos significados para suas vidas. Embora seu início pareça confuso e atravanque um pouco a narrativa, seu desenrolar flui melhor, depois que compreendemos seu verdadeiro dispositivo. Uma vez fisgados pelo enredo, nos entregamos à diversão e aos personagens.

Revi com a Fernanda, Meia-Noite em Paris, de Wood Allen. O filme cresceu muito na revisão e divertiu muito mais. Francamente não vejo problema na emulação que os atores dos filmes de Allen fazem do próprio Allen ator. Não há segredo que a maioria desses personagens são alter egos do diretor. Por isso talvez eu tenha gostado tanto da atuação de Owen Wilson, que considero um ator não apenas fraco, como irritante. Mas nesse filme ele está ótimo e encarna muito bem a problemática do universo de Wood Allen.

FHC e Dr. Dráuzio Varella em Quebrando o Tabu
Por fim, assisti Gainsbourg – O Homem que Amava as Mulheres, que deve estrear no próximo final de semana. Trata-se de uma visão declaradamente não-realista da vida do polêmico compositor francês Serge Gainsbourg. Gostei muito do filme, que tem uma fotografia excelente e, como não poderia deixar de ser, uma trilha sonora ótima. Destaque para a entrada na história de Brigitte Bardot (interpretada pela modelo Laetitia Casta), a cena, para mim, já é antológica. Falarei mais do filme na semana. Mas fica desde já a dica de estreia na próxima sexta.
-- 

0 comentários:

 

Eu, Cinema Copyright © 2011 -- Powered by Blogger