domingo, outubro 31, 2010

Três em Três

34ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo

Abaixo, três resenhas em três parágrafos de três filmes da Mostra que não valiam três horas na feitura de três críticas completas.


A Graça (Sacràscia)
Bonifacio Angius
Itália, 2010

Tem uma proposta interessante ao flertar com o realismo fantástico. Menino de 10 anos peregrina descalço pelas estradas em busca da igreja do santo que salvou sua vida. Cumpre, assim, uma tradição católica de flagelo pela graça alcançada.

O filme entra numa espiral de cunho fantástico, o crescimento do menino indica que os anos passam enquanto ele prossegue em busca da igreja, sempre com a mesma roupa, sempre descalço, sempre com uma faixa curativa puída na cabeça.

Cruza com personagens bizarros, cíclicos. Apaixona-se, decepciona-se. O filme se torna monótono pela repetição. Pareceu-me um purgatório essa peregrinação, como se a realidade e a vida tivessem ficado noutro plano. Cansativo.
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Impacto (Bay Rong)
Le Thanh Son
Vietnão, 2009

Filme de ação vietnamita. Vai bem enquanto não se leva a sério. Depois cai na mesmice dos filmes de ação. Varia um pouco ao tentar problematizar as relações dos personagens, mas fica só na superfície. A intenção é boa, o resultado medíocre.

Fala, em sua essência e também na sua mesma inocência, de vingança, redenção e restituição. Nisso é até universal. Mas é filme de ação. Entre uma cena e outra de demorada trilha e longa conversa, cansa.

Contudo, tem boas sequências de lutas, com takes de duração dilatada, o que ressalta a boa coreografia. A câmera acelerada dá um bom efeito em alguns momentos. Perde ao querer dramatizar demais alguns personagens. Tem razoável qualidade técnica, mas se arrasta em algumas partes. Vale só por diversão.
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Não Tem Mais Majorette em Villalba (Non C'é Più Una Majorette A Villalba)
Giuliano Ricci
Itália, 2010

Fraco documentário sobre uma cidade no interior da Sicília que tende a desaparecer. Formada quase que só por aposentados, a cidade tem apenas 1800 habitantes e se encaminha para um encolhimento.

O diretor se limita a colher depoimentos de moradores e fazer imagens que retratam o bucolismo do lugar. Os personagens não apresentam nada de diferente, contam histórias do passado e falam que não se importam de morarem num lugar tão bucólico.

O mais próximo que se chega de algo intenso é nas reflexões sobre a morte, natural em um lugar só de velhos. Mas mesmo isso fica muito na superfície. O filme tem seu ponto alto no fim, quando duas solteironas que moram juntas afirmam terem já comprado seus caixões numa promoção: compraram dois e levaram três. Ficam guardados em casa.
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