Sherlock Holmes: A Game
of Shadows
Guy Ritchie
EUA, 2011
129 min.
Depois de uma morna estreia, a franquia Sherlock Holmes, que promete se estender por mais alguns filmes,
chega a sua segunda fita um pouco melhor. Dentro do que se propunha o filme de
2009, dirigido por Guy Ritchie (o mesmo do ótimo Snatch – Porcos e Diamanetes, de 2000), se esperava mais. Esse mais esperado vem com Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras.
Se a “adequação” do personagem dos livros de Sir Arthur Conan Doyle para o cinema
comercial – cheio de ação e malabarismos – é saudável ou não para a mitologia
do herói literário, isso é discussão para outra seara. Até mesmo porque, pelo
que pude apurar, os fãs mais aguerridos do personagem original parecem ter
gostado do modo como ele foi tratado pelo “cinemão”.
É levando em consideração a proposta desse “cinemão” que o tratamento
dado neste filme ao herói de mente brilhante se sai melhor que no primeiro.
Antes de tudo, porque não ofende a inteligência do espectador com uma trama
frouxa demais, embora insista muito em cacoetes positivos do primeiro filme,
mas que agora se tornam não apenas excessivos, mas desgastados.
Na nova aventura, Holmes (Robert Downey Jr.) e Watson (Jude
Law) vão enfrentar o professor Moriarty (Jared Harris), que tenta através da
manipulação de diversos acontecimentos geopolíticos do final do século 19,
provocar o início de uma guerra mundial.
Com cenas de ação melhor coordenadas e um ritmo mais
frenético, embora não asfixiante, o filme ainda consegue manter a trama tensa.
Isso não aconteceu no primeiro exemplar da franquia, que cai em certa monotonia
pouco depois da primeira metade. Downey Jr. continua bem no papel, evocando um misto
de cinismo e fragilidade, algo como uma certeza dúbia que não parecia afetar o
personagem da literatura. Essa personificação mais caricata, quase histriônica
às vezes, confere charme e humor à figura do detetive genial.
O diretor Guy Ritchie mantém seu estilo, algumas vezes
marcado demais por uma estética repetida, previsível, que vêm desde Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes,
de 1998. Assim, estão lá os planos em câmera lenta que aceleram subitamente, os
socos cuidadosamente sonorizados para um efeito mais devastador e, claro,
muitos tiros.
Mesmo se repetindo, o diretor acerta a mão no conjunto do
filme, que dentro do formato meio altista de Hollywood, atinge fagulhas de boas
sacadas. Uma delas está no embate final. De natureza quase anticlimática, a
cena é construída mais pelo suspense da boa montagem do que pela ação circense
que se poderia esperar.
Com espaço para uma homenagem ao ator Heath Ledger e seu
antológico Coringa em Batman – O Cavaleiro
das Trevas, este segundo episódio de uma franquia com bastante fôlego é
divertido sem precisar de muita apelação e sem ofender nenhuma inteligência.
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