Forces Spéciales
Stéphane Rybojad
França, 2011
109 min.
Forças Especiais começa como um filme de Tony Scott, vira um
filme de Michael Bay e termina como algum filme recente de Peter Weir. Após o
fim, um letreiro explica que a película é uma homenagem aos soldados mortos no
Afeganistão e aos jornalistas que se arriscam em zonas de guerra para
informarem ao mundo. A nobre intenção, contudo, não salva o filme de sua falta
de roteiro e absoluta inconsistência.
Helicópteros,
homens paramentados, cortes rápidos, trilha crescente, câmera nervosa. A combinação
“Tony Scott” de cinema nos joga para o meio da ação. Um grupo de soldados
franceses das forças espaciais realiza uma ação precisa. Missão cumprida. O
mesmo ritmo alucinado segue para o Afeganistão onde a jornalista Elsa (Diane
Kruger) investiga as atrocidades de um líder Taliban. Descoberta, é capturada
pelo grupo e mantida como prisioneira.
Desacelera. Festa
de aniversário de Kovax (Djimon Hounsou), membro do grupo de operações
especiais. Todos os outros membros estão lá. Mal a festa começa, são chamados
para mais uma missão: resgatar a jornalista francesa. As decisões políticas e
militares que levam à operação são mostradas com uma superficialidade
embaraçosa, tamanho festival de frases clichês mal conectadas entre si.
Durante a operação
- entre chegada, resgate e fuga – entra o cinema de Michael Bay. Câmeras
contornam os soldados mostrando a ação com o melhor da estética “poser”. Cada
tiro, deslocamento, avanço e recuo ganha um ar grandioso, heroico, viril. Sucedem-se
atitudes de bravura, heroísmo sem sentido, apenas porque a cena resulta em mais
uma pose para a câmera.
Entre uma pose e
outra do esquadrão, o vilão Zaief, encarnado por Raz Degan, distribui
malvadezas e ordens tirânicas. Quer cabeças. Difícil levá-lo a sério. Sua
caracterização, seus olhos esbugalhados e cenho fechado lembram demais o boneco
Achmed - O Terrorista Morto, personagem do ventríloquo comediante Jeff Dunham.
Depois das poses, o
sofrimento. O plano de fuga inicial dá errado e todos eles têm de atravessar o
deserto escaldante e as montanhas geladas na esperança de sobreviverem,
enquanto são perseguidos por infatigáveis homens de Zaief. Entra então um pouco
de Peter Weir. A vasta paisagem, os planos abertos da natureza bela e hostil.
Os viajantes que seguem a pé lutando contra as intempéries, a trilha épica da
grande jornada.
Forças Especiais é todo costurado com remendos preguiçosos,
uma colcha de retalhos que resulta num filme desinteressante, inconsistente e
sem sentido. É como se na ânsia de fazer cenas de ação e tiroteio com
plasticidade e “estilo”, todo o resto tenha sido deixado de lado: personagens,
argumento, roteiro e trama.
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1 comentários:
O filme é um pouco melhor do que foi sua crítica. O que achei injusto foi a comparação com o Achmed, nada a ver.
Na minha opinião, a fotografia foi ótima, mas realmente faltou roteiro e sobrou clichês.
O cinema francês tem q melhorar muito ainda. Mas deu pra divertir.
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