
Assim, em No Lugar
Errado, sai de cena o confortável quase-lírico apaziguamento da amizade,
entra a crise iminente.
Das mudanças, a mais drástica diz respeito ao espaço cênico.
Com a virtude da experimentação, os diretores se uniram ao diretor teatral
Rodrigo Fischcer e filmaram a partir de sua peça, chamada Eutro. Por isso, toda a ação se dá em um palco, um espaço cênico
definido e restrito. Com minimalismo cenográfico, o espaço é um apartamento no
qual um casal recebe outro casal para uma celebração.

Neste elaborado drama cênico, fogem à clareza, dão as costas
ao óbvio e desafiam o consenso quando vão do afago á violência e de volta ao
afago a cada nova fissura emotiva exposta pelo silêncio ou pelo grito.
O rigor formal dos planos, marcado pela fotografia em preto
e branco, age como um aprisionamento dos quatro personagens. São prisioneiros
do plano, do quadro e daquela noite em que revelam – fragilmente tentando
esconder – tantas camadas de suas necessidades humanas, carnais e sentimentais,
afetivas ou não.

Talvez não funcione a contento como os outros filmes, mas se
mostra vivo pela tentativa e pela disposição ao risco. De certa forma, aqui importa
menos conceitos rígidos de erro e acerto (ou de lugar certo e lugar errado).
Talvez valha mais a experiência e a busca de algo tão intangível quanto o
cenário do filme ou uma estrada para Ythaca.
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No Lugar Errado
Pedro Diogenes, Guto Parente, Luiz Pretti e Ricardo Pretti
Brasil, 2011
70 min.
Trailer
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