CRÍTICA PUBLICADA ORIGINALMENTE NO SITE CINECLICK
Há algo de sedutor na improvável amizade que Os Acompanhantes constrói. Um tipo de charme antiquado, de comédia construída mais pela atuação do que pelas situações. Completa esse charme – atribuindo-lhe certa beleza – o processo de aceitação a que leva a amizade: aceitação de si e aceitação do outro. Um delicado processo de reconciliação nascido da relação entre figuras solitárias e diferentes. Tudo isso moldado pelo humor cuja graça não depende do ridículo e vem sempre acompanhado de uma estranha ternura.

Enquanto consegue um emprego em uma revista sobre meio ambiente, Yves vai descobrindo uma das atividades de seu colega de apartamento. Harrison é o que ele próprio denomina como um “homem extra”, um acompanhante frequentemente solicitado por ricas e solitárias senhoras da alta sociedade.

Dentro da convivência entre eles, surgirá uma relação bastante incomum de companheirismo. Quase sem perceber, Yves se torna um aprendiz de seu amigo acompanhante, ao mesmo tempo que se apaixona por uma colega de trabalho (Katie Holmes, de O Casamento do Meu Ex) e também tenta resolver suas fantasias secretas.
De ritmo bem cadenciado, Os Acompanhantes é uma comédia que aposta na delicadeza do humor. Sua graça nasce do excêntrico, mas não se apoia na esquisitice de seus protagonistas, como se fossem meras muletas para o riso. Seu humor está no carisma que esses personagens transpiram dentro de suas excentricidades. Está também na interpretação inspirada dos atores, com destaque para Kevin Kline.

Em Os Acompanhantes a reconciliação e a aceitação são como o desenlace de uma fábula, na qual a amizade entre solitários faz deles pessoas melhores.
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The Extra Man
Shari Springer Berman e Robert Pulcini
EUA/França, 2010
108 min.
Trailer
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