A Marvel apostou alto. Antes de trazer às telas Os Vingadores (principal equipe de super-heróis do universo Marvel), fez um filme solo para cada um dos principais membros da equipe. Assim, o público pouco entrosado com histórias em quadrinhos pôde conhecer antes Homem de Ferro, O Incrível Hulk, Thor e Capitão América em aventuras solo. A estratégia gerou expectativa e temor. Com exceção de Homem de Ferro, nenhum dos outros filmes convenceu inteiramente. A chegada de Os Vingadores poderia redimir isso ou decepcionar de vez.
Pois a verdade é que a Marvel guardou o melhor para o final. Os Vingadores é um filme que consegue de forma muito eficaz traduzir o espírito da equipe das HQs, trazê-la para a tela grande e entusiasmar fãs e espectadores de ocasião. Como filme de aventura, ação e fantasia garante diversão na dose certa, principalmente porque regula corretamente elementos que, quando mal administrados, podem ser a derrocada de uma saga.

Timing é o grande
achado de Os Vingadores. É a dosagem
bem aplicada entre andamento da história e cenas de ação que faz dele uma ótima
experiência de cinema dentro de seu gênero. Justamente por evitar a estupidez de
simplesmente “empilhar” cenas de ação uma atrás da outra. Mesmo com um roteiro
simples, consegue diversificar o tempo da cada coisa. Pontua os embates que os
fãs sempre quiseram ver entre seus super-heróis favoritos e garante movimentação
enquanto o eixo principal da trama se desenvolve. Na hora certa, a batalha
final colocará o público no olho do furacão de uma sequência de ação envolvente
e inspirada.

Ruffalo não encarna um Dr. Banner frágil e delicado, como o fizeram anteriormente Edward Norton (O Incrível Hulk, de 2008) e Erik Bana (Hulk, de 2003). Em vez da franzina figura que serve de antítese ao gigante esmeralda, o Banner de Ruffalo contrasta com seu “outro” através da fala suave, da voz sempre modulada, da tranquilidade monástica. Sua fragilidade se apresenta no olhar e nos gestos, não no físico. De todo o elenco, talvez apenas ele e Robert Downey Jr. atuem de verdade, no sentido sério da palavra.
Muito de Os Vingadores
se apoia na criatura Hulk. É em torno dele, de suas possibilidades terríveis,
que se cria um suspense e uma promessa. No seu poderio devastador pode estar a
salvação, o elo mais poderoso da corrente. Mas para isso ele precisa estar sob
certo controle, o que no caso da fera verde é sempre algo temerário.
Já no quesito aparência – um detalhe técnico fundamental
para sua composição digital e grande calcanhar de Aquiles dos filmes anteriores
– o resultado é muito mais satisfatório. Talvez pela sua representação de fera
indomesticável, pela cor, tamanho e textura, seja mesmo muito difícil encontrar
um equilíbrio na sua criação digitalizada. Mas o que se fez foi honesto e
cuidadoso o bastante para não desagradar. (*)

Como finalização do primeiro estágio de um grande e
arriscado projeto da Marvel, Os
Vingadores é um acerto raro. Ao assisti-lo, me diverti – rejuvenescidamente
– como há muito tempo não me divertia num filme de ação. E, num filme desse
tipo, diversão é sempre o que realmente importa.
(*) A exibição para a
imprensa foi realizada em 2D, mas o filme foi feito para 3D. A questão da
textura e aparência do Hulk pode sofrer mudança radical graças ao efeito em
três dimensões, para melhor ou para pior. É algo a ser conferido.
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The Avengers
Joss Whedon
EUA, 2012
142 min.
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Trailer
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