terça-feira, julho 26, 2011

Breviário da Semana Nº 08

Um semanário muito breve 


Deve chegar em breve aos cinemas Um Sonho de Amor, de Luca Guadagnino, um ótimo filme sobre família, paixão e tragédia. Mais uma vês, o título nacional colabora para uma ideia errada do filme. Não é uma comédia romântica, nem um filme sobre romance. Nada de açúcar. É filme equilibrado, narrativa sem pressa e uma atuação impecável de Tilda Swinton.

A Mulher de Todos
Em casa vi O Livro de Eli, com Denzel Washington. Um filme pós-apocalíptico que fala sobre fé e redenção, mas construído sobre os pilares do western. Denzel está bem, como quase sempre, e embora o filme peque por algumas superficialidades, é muito competente na construção de uma atmosfera apocalíptica através da fotografia. Uma grande qualidade do filme é não perder tempo com explicações sobre o que aconteceu com o mundo e se focar na demanda do protagonista e sua missão pessoal. A participação de Gary Oldman como uma espécie de xerife ditador e terrível contribui muito para o filme.

Mais que um estudo do cinema nacional, um prazer imenso ver mais um filme do Rogério Sganzerla. A Mulher de Todos segue a mesma linha anárquica, desconstrutiva e provocativa do cinema de Sganzerla. É assombroso ver como a atriz (e esposa do diretor) Helena Ignês, que interpreta Ângela Carne e Osso, tem um magnetismo poderoso nesse filme. Sua atuação, sua presença cênica é feroz e hipnotizante. Gênio, esse Sganzerla.

A Partida
Homens e Deuses, de Xavier Beauvois, é um filme que conseguiu produzir em mim uma experiência de intensidade incrível. Poucas vezes a questão da fé e, acima disso, de caráter e convicções foi tão exemplarmente abordada. Um filme inteligente, sensível, elaborado e vivo. Acho que se perde um pouco no fim, quando poderia resolver mais rapidamente a história. Mas é um grande filme.

O japonês A Partida, de  Yôjirô Takita, trata da morte com uma proximidade física intensa. Nesse ponto, pode até assustar no início os mais frágeis ou sensíveis com o tema. Mas logo se mostra um sentimental e belo filme sobre aceitação, perdão e compreensão. É um tanto melodramático demais, tem problemas de exageros e repetições. Porém, merece ser visto como um bom filme que aborda o ritualismo da cultura japonesa em algo quase tabu para a maioria das culturas: os ritos funerários. Apesar de vários escorregões, seja na atuação, na trilha sonora e na composição de alguns planos, pode ser uma experiência interessante e muito sentimental sobre nossa relação com a morte.

Homens e Deuses
Na cabine de imprensa de Melancolia, de Lars Von Trier, que estreia no próximo dia 5 de agosto, vi um filme intenso, mas que ainda me amedronta, na medida que não o domino. Dividido em duas partes, fala sobre depressão, mas também é um filme sobre o fim do mundo. O modo como cada um dos personagens lida com essas coisas (a depressão como algo inoportuno no outro ou algo inerente em si e o fim do mundo como algo aceitável – e até desejável). Vi também algumas conotações sexuais sobre as quais preciso refletir melhor. Mas é filme que tem de ser visto e comentado.

O peruano Outubro, dos irmãos Daniel e Diogo Veja é repleto de uma secura típica de vidas ásperas e solitárias. Seus personagens são figuras cuja pobreza não se reflete apenas no material, mas também nos gestos. Filme de planos simples, mas eficazes, compõe uma narrativa em que se percebe que há possibilidades de afeto e carinho mesmo entre pessoas tão duras. Um filme digno, competente e simples.

Um Sonho de Amor
Assalto ao Banco Central, de Marcos Paulo, tenta sem sucesso emular um gênero hollywoodiano, o de assaltos planejados com inteligência, ousadia e sem violência. Mas o filme escorrega em muitos detalhes, desde o roteiro capenga até a trilha sonora equivocada. Consegue ser divertido com algumas tiradas e alguns personagens, mas é superficial demais e precário demais como narrativa e como gênero de cinema. Deixa de lado muitas coisas importantes, como a passagem do tempo bem trabalhada, o ápice do desafio, a função de cada elemento do bando, as dificuldades da execução. É filme para se ver e esquecer depois de cinco minutos, sem ao menos a vantagem de se ter aproveitado alguma emoção durante sua duração.
--

1 comentários:

Rafa Amaral disse...

Olá, também tenho um blog de cinema. Que tal trocarmos links: eu linkar vc no meu e vice versa?? Abraços http://saudadesdobomcinema.wordpress.com/ Entra lá. Abraçoss

 

Eu, Cinema Copyright © 2011 -- Powered by Blogger