segunda-feira, novembro 29, 2010

5 x Favela - Agora Por Nós Mesmos

Antes por Outros Talvez o impulso inicial inevitável ao se ver 5 X Favela – Agora por Nós Mesmos seja o de comparação com o Cinco Vezes Favela, de 1962. Porém, mesmo sendo o filme de hoje uma conseqüência direta do filme de 33 anos atrás, não creio que caibam comparações. Ainda que sejam projetos similares, apresentam-se díspares não apenas pelo tempo que os separa, não apenas pela ótica que os distingui, mas principalmente pela vocação de cada um. O primeiro se pretendia revolucionário, guardadas certas proporções com a acepção do termo. O segundo é apenas um exercício complementar. É notável...

domingo, novembro 28, 2010

Negação

Não sou cinéfilo. Gosto de filmes e só. Escrevo sobre eles, ocasionalmente. Não sou crítico de cinema. Nego este rótulo com o desprezo pelo rótulo que existe apenas para ser rótulo. Na mesma medida admiro, respeito e reverencio a crítica de cinema. Só não a quero como um rótulo simplificador, reducionista e impregnado de um sentido equivocado de má compreensão de seu exercício. Escrevo sobre cinema, amo Fellini e Aurora, de Murnau. Essa definição basta para definir com precisão e alcance o que um rótulo não poderia. Mas inquiro-me sobre isso. Por que escrevo? Escrevo para além do cinema. Escrevo,...

quinta-feira, novembro 25, 2010

Bastardos Inglórios

--Inglorious BastardsQuentin TarantinoEUA, 2009-- Nenhum outro diretor em atividade consegue resgatar um gênero, ou subgênero, dito menor e transformá-lo em algo de elevada qualidade como Quentin Tarantino. Com uma formação cinefílica eclética, seu gênio inquieto e uma mão incrível para a construção de diálogos memoráveis, Tarantino é mestre na utilização de uma coisa chamada referência, que em seus filmes ganha um contorno e um amálgama que resultam sempre em uma experiência única, repleta de tempos e entretempos e sensações sobrepostas. Tudo na medida certa. Em Bastardos Inglórios o diretor...

quarta-feira, novembro 24, 2010

Um Homem Bom

--GoodVicente AmorinAlemanha/Inglaterra, 2008-- Depois da trilogia O Senhor do Anéis, filme que tornou o ator Viggo Mortensen conhecido para o grande público, só o reencontrei em Senhores do Crime, seu penúltimo filme, onde interpreta um segurança de um mafioso russo. Ambos são papéis de homem durão, líder nato ou quebra-caras. Há inclusive uma seqüência em Senhores do Crime em que ele se entrega a uma visceral luta corpo a corpo num banho turco. Por isso, não foi sem surpresa que em Um Homem Bom assisti à sua interpretação de um homem tímido, retraído e cordato,...

domingo, novembro 21, 2010

O Lutador

The WrestlerDarren AronofskyEUA, 2008 Em certos filmes é preciso buscar a chave: aquele momento do filme em que se dará ao expectador o elemento para entendê-lo em sua dimensão maior. Em O Lutador, ela só chega perto do fim, quando Randy “Carneiro” Robson diz, apontando para o ringue: aquele é o único lugar onde não me machucam. Contar a história de O Lutador é contar a história do ator que o protagoniza. Pois, como disse a revista Newsweek, nunca houve uma convergência tão grande entre ator e personagem. Na vida real, o ator Mickey Rourke despontou no anos 80 como uma das maiores promessas do...

Cinema e Direitos Humanos

Em São Paulo vai de 19 a 25 de novembro. Em mais 19 capitais brasileiras (consulte programação) as datas variam, mas chagam até 19 de dezembro. Trata-se da 5ª edição da Mostra Cinema Direitos Humanos na América do Sul. A entrada é franca e as salas são duas: Cinesesc e Cinemateca Brasileira. A programação desse ano trás 41 filmes e está muito melhor que de outros anos. Além de inéditos, trás bons filmes em retrospectiva. O homenageado desse ano é Ricardo Darín, talvez o mais importante ator argentino da atualidade. É sempre bom que mais uma mostra de cinema chegue ao 5º ano de vida, mostrando...

sábado, novembro 20, 2010

As Férias do Sr. Hulot

--Les Vacances de M. HulotJacques TatiFrança, 1953--Diante de filmes que são verdadeiras avalanches de cor, movimento, pirotecnia, cortes rápidos, sequências de ação vertiginosas e quase sempre nenhuma história interessante, sempre me pergunto: 'E onde está o cinema?'. Daquilo que entendo por cinema muito pouco vejo nos grandes blockbusters dos últimos tempos. Simplesmente não encontro neles o cinema que preciso. Talvez por isso eu tenha ido buscar refúgio, dia desses, na obra de um diretor muito pouco conhecido, mas cuja obra deveria ser sempre revisitada. Refiro-me a Jacques Tati e o filme que...

quarta-feira, novembro 17, 2010

Brincando (e criticando) Merten

De vez em quando gosto de atazanar o Merten, do Estadão. Admiro-o demais como crítico e compêndio vernacular de cinema. Mas às vezes, na minha modesta opinião, ele escorrega por conta de birras. Foi o caso de A Ilha do Medo, de Scorsese. Está sendo o caso de A Suprema Felicidade, do Jabor. Na onda de irritá-lo, usei até uma investigação dos limites entre ficção e realidade, tão em voga no cinema nacional, para me pintar de acadêmico (nada mais distante de mim que a academia). Ele respondeu, com a ironia e o respeito de sempre pelos seus leitores. A cena que resultou disso foi, para mim, epifânica....

terça-feira, novembro 16, 2010

Ondulações

34ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo--CurlingDenis CôtéCanadá, 2010-- O gostar ou não de um filme muitas vezes passa por uma subjetividade que nos escapa a compreensão. Descobre-se nessas ocasiões que são as pequenas coisas – e em certos momentos as pequenas coisas estranhas – que guardam os mistérios de muitos sentidos. No inóspito inverno do Quebec conhecemos Jean-François, pai da jovem Julyvonne de 13 anos. Ele ganha a vida com pequenos serviços de limpeza e manutenção em um hotel local e no boliche do lugarejo. Tem um zelo exagerado com a filha, a quem não permite que frequente...

segunda-feira, novembro 15, 2010

Senna

--SennaAsif KapadiaInglaterra, 2010-- Quando lidamos com homens que se tornaram ídolos, que alcançaram um patamar que ultrapassa os limites dos mortais, sempre vai existir o polêmico, o duvidoso, o incerto. São esses elementos que tornam as pessoas – sejam ídolos ou não – interessantes. É o multifacetado de cada um que torna cada pessoa única, independente em sua grandeza. Por isso, qualquer biografia séria tem a obrigação de buscar isso, a múltipla e complexa pessoa que há em cada um de nós. No documentário Senna, lançado esta semana nos cinemas, o diretor inglês Asif Kapadia opta por uma estrutura...
 

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