Contagion
Steven Soderbergh
EUA/Emirados Árabes Unidos, 2011
106 min.
O número destacado
em vermelho, legendando a primeira imagem de Contágio, não deixa dúvidas: 2º DIA. É o alarme que dispara este novo filme
de Steven Soderbergh (de Onze Homens e Um
Segredo e o díptico Che), que
mostra a disseminação de um vírus capaz de matar milhões de pessoas no mundo
todo. Na cena, Gwyneth Paltrow tossindo. É a primeira de um elenco de
estrelas de Hollywood que participa do filme. Sua tosse inocente, de cara, põe
medo.
Sem focar nenhum
protagonista, pulverizando o enredo em diversas histórias, o filme começa de
forma eficiente. O diretor usa a câmera para insinuar o perigo de forma
contundente. A todo momento vemos tomadas próximas enquadrando mãos que, em
lugares públicos, tocam objetos, apertam botões, seguram copos, celulares,
balaústres. É o contágio se disseminando.
Não ver o que se
teme, mas saber que está lá é um dos princípios do medo. E funciona muito bem
neste início de filme. Estatísticas como o fato de que tocamos nosso rosto com
a mão cerca de 5 mil vezes ao dia também assusta. É o contágio se disseminando.
De Hong Kong a Chicago e por outros países. A morte corre em menos de 24 horas.
Os personagens se
revezam. Beth Emhoff (Paltrow), executiva de uma multinacional, volta da China,
para onde foi a negócios. Tosse. Na china, um rapaz apresenta febre, sintomas
de gripe e morre. Beth Emhoff morre pouco depois, para desconcerto de seu
marido Mitch (Matt Damon), que logo depois vê o enteado morrer do mesmo mal.
Teme pela filha, Jory (Anna Jacoby-Heron). Entra em campo a Dra. Erin Mears
(Kate Winslet), a pedido do seu chefe, o Dr. Cheever (Laurence Fishburne).
Todos tentam conter a ameaça.
Na china, a Dra.
Leonora Orantes (Marion Cotillard) tenta descobrir quem é a vítima índice, o
primeiro contaminado. Mas sofrerá um revés inesperado. Em Londres, o jornalista
blogueiro Alan Krumwiede (Jude Law) passa por cima dos jornais tradicionais e
dispara acusações e sensacionalismo pela internet. Arrebanha milhares de
leitores.
Contágio não busca o registro de filmes catástrofes. Quer particularizar essas
histórias, trazê-las para perto do público. Mas com tantas histórias em
paralelo ou interligadas, a trama perde amarração e se afrouxa. Comete
equívocos no roteiro, como introduzir dramas que não levam a lugar nenhum, que
não acrescentam nada.
O acerto está no
ritmo da montagem e na trilha, duas características do estilo Soderbergh de
contar histórias. Ganha-se em dinamismo, mas se dilui o medo, tão bem
construído no início. O resultado é frio. Um filme asséptico demais para uma história
sobre contaminação.
Com o medo perdido
no meio do caminho, não resta muito á trama senão beirar o caos pleno e
instigar, aqui e ali, questões e situações. Nada que emocione, comova ou faça
refletir. Como o medo do início, o filme também fica pelo meio do caminho.
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