Conviction
Tony Goldwyn
EUA, 2010
107 min.
Baseado em uma história real, A Condenação nos coloca todo o tempo em dúvida. A dúvida é sobre a
inocência ou culpa de Kenny Watters (Sam Rockwell). Uma dúvida que jamais passa
pela cabeça de Anne (Hilary Swank, muito bem no papel), irmã de Kenny. É sobre
a incerteza que o filme se equilibra, a dúvida é o principal alimento da
narrativa. Mas é a fibra e a determinação de Anne, mesmo sempre à beira do
precipício da obsessão irracional, o tônus dessa história tão improvável.
Anne tem o irmão na cadeia, condenado a prisão perpétua por
assassinato. Mas ela está convicta de que ele é inocente. Sua determinação em
provar essa inocência não encontra limites nem descanso. Uma luta que expõe uma
cumplicidade entre ela e seu irmão que vai além do fraterno. É como uma noção
de dever que está arraigada no passado de ambos, na pobreza e na provação de
uma infância tão inocente quanto problemática, na qual Kenny sempre se mostrou
um espírito indomável.
Com flashbacks para ilustrar essa infância, o filme constrói
essa amarra fraternal, numa relação que a vida, com seus desvios e injustiças,
tratou de sedimentar. Sem estudos formais, com dois filhos e um casamento
desmoronando, Anne toma a decisão de voltar a estudar. Através de supletivos
conclui as etapas que faltavam para levá-la à universidade, onde pretende se
formar em direito, exclusivamente para tentar provar a inocência do irmão. São
mais de 18 anos de dedicação até obter a resposta final.
Quando se pensa na veracidade da história, é impossível não
se assombrar com a determinação da personagem. Hilary Swank lida com
competência em construir essa figura que está sempre à beira do abismo da
obsessão, da cegueira. As voltas no tempo para ilustrar a dura infância dos
irmãos, seus problemas e o laço inquebrantável dessa fraternidade, ajudam a
compor uma grande autenticidade no esforço de Anne.
Com tons comoventes, boas atuações e um roteiro bem
orquestrado pela direção de Tony Goldwyn, A
Condenação é um filme que tem uma reservada intensidade. É feliz em evitar
o melodrama e convincente em estabelecer as relações que dão suporte a uma
história impressionante.
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