Um semanário muito breve
Numa noite de insônia na semana passada, acabei colocando Taxi Driver, de Marton Scorsese (1976), para rolar no DVD. Não via o filme há cerca de dez anos. Grandes obras são isso, não perdem a força. O filme de Scorsese é uma tensão permanente. A paranoia, obsessiva e desajustada de Travis (Robert De Niro) o torna imprevisível e assustador, mas, de uma maneira muito complexa e sutil, nos permite sentir uma leve empatia pelo personagem. E De Niro está simplesmente perfeito no papel.
Montgomery Clift como o padre de A Tortura do Silêncio |
Fui ver Transformers 3 – O Outro Lado da Lua no cinema. Não cheguei a ver o segundo filme da franquia, que dizem ser muito ruim. Da primeira aventura, tenho boa impressão, especialmente pela capacidade técnica do filme em combinar animação digital e cenários supostamente reais. A ação era boa. E só. Neste terceiro filme, a decepção (já mais que esperada) foi grande. Tecnicamente, o filme continua bom, mas algo já não me convence naqueles efeitos de transformação. O roteiro, claro, é digno de ser esquecido. Tinha a impressão que todo o tempo o filme dizia na minha cara que me achava um idiota, por tentar me fazer crer naquela história rocambolesca. Agrava ainda o fato de o filme se arrastar na maior parte com histórias e mais histórias para justificar toda bobagem. Só engrena no final e, como muito bem disse meu amigo Ronaldo Júnior, no final já é final. Bobo demais esse filme
Bruna Lombardi chora as mágoas do casamento |
Na mostra Hitchcock, vi A Tortura do Silêncio, de 1954. Uma trama muito bem engendrada de assassinato, falso culpado e renitência abnegada. No filme, um padre é o principal suspeito de um assassinato. Ele sabe quem é o assassino, mas não pode revelar seu nome pelo segredo da confissão católica. Para piorar, não pode apresentar um álibi da noite do crime por risco de comprometer a honra de uma mulher casada. Ele aceita todos os infortúnios tenazmente até o desfecho final, que é comovente e cheios de simbolismos espirituais sobre a alma.
Como lição de casa, tive que ver O Signo da Cidade, de Carlos Alberto Riccelli (2007). Roteirizado e protagonizado por Bruna Lombardi, o filme, de tom claramente exotérico, mostra como diferentes personagens, dramas e tragédias se cruzam pela cidade de São Paulo, como destinos cruzados. O filme tem um ritmo irregular e não dá tempo para que os personagens se desenvolvam a ponto de criar alguma empatia com o expectador. A música, as imagens e as histórias tentam nos emocionar, mas soam um tanto artificiais por falta de substância dramática ou constitutiva. Para piorar, o filme se arrasta para além de onde deveria terminar.
Robert De Niro como o psicótico Travis |
Convidado pela assessoria e produção da Onde Está a Felicidade?, (também uma parceria de direção de Carlos Alberto Riccelli com o roteiro e a atuação de Bruna Lombardi) para ver o filme em sua exibição em concurso no Festival de Cinema de Paulínia, encarei as duas horas de viagem até a cidade, em ônibus fretado pela patrocinadora Telefônica. O filme é divertido, o público que lotou o Teatro Municial de Paulínia gostou (e riu mais do que eu). Talvez por não se levar a sério demais, o filme tem a qualidade de encaixar algumas boas piadas. A atuação de Marcello Airoldi, apesar de em alguns momentos ficar um ou dois tons acima do afinamento, é muito boa no geral, com momentos excelentes. Bruna Garcia mantém seu padrão de comédia. No geral, é um filme com bom potencial de público, quando estrear em 19 de agosto. Em breve, escrevo a crítica completa.
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