In Time
Andrew Niccol
EUA, 2011
109 min.
Imagine um futuro em que ao se levantar de manhã você tenha
um ano de vida pela frente, mas ao cair da noite lhe reste apenas 38 horas de
vida? No futuro de O Preço do Amanhã,
que estreia nesta sexta (04), esta
pode ser uma situação bastante comum na vida das pessoas. Se o adágio tempo é
dinheiro ganha cada vez mais força na vida modera, num futuro onde o tempo de
vida é a moeda corrente, esse ditado pode ser uma nada engraçada ironia.

O problema é que ao completar 25 anos você tem apenas mais
um ano de crédito (vida), registrado em tempo real através de um relógio
cutâneo, sempre visível em seu braço. Para viver mais é preciso ter tempo, a
moeda corrente desse futuro. E ganhar tempo nos bolsões de pobreza pode ser
algo muito difícil.
Nessa realidade, caso seu tempo esgote você simplesmente
morre. Por isso as pessoas precisam sempre de mais tempo, seja trabalhando por
ele, seja por empréstimos a juros altos, seja roubando. E tudo custa tempo. Um
café pode sair por três minutos, a hipoteca de uma casa pode custar um ano. Até
lojas com artigos que custam 1,99 minutos estão presentes.

Um dia, Will conhece um sujeito com milhares de anos de
crédito. Um sujeito que após ter vivido mais de 100 anos não suporta mais continuar.
Com uma atitude claramente suicida, esse sujeito acabará doando todos seus anos
a Will.
Sem saber o que fazer com tanto tempo e após ver sua mãe
morrer por questão de segundos, ele decide ir para o fuso-horário mais nobre,
cobrar dos banqueiros imortais a responsabilidade pela miséria em que sempre
viveu e que lhe custou tanta dor.
A ideia do argumento de O
Preço do Amanhã é original e inteligente. Com sua configuração de tempo
como forma de moeda e as desigualdades e discrepâncias que isso provoca, o
filme flerta com uma bem pensada crítica ao sistema capitalista e crise
financeira do mundo. Em tempos de colapso do sistema financeiro, o filme surge
como uma bem articulada metáfora da desigualdade, fragilidade e injustiça desse
sistema.

O Preço do Amanhã
fica como uma boa curiosidade que lamentavelmente se rende a lugares-comuns,
apelos simplistas e trama fraca. Uma promessa muito boa que se desperdiça inteiramente
no desenrolar do roteiro.
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