Não gosto de fazer listas de melhores. Acho restritivo, reducionista e simplificador demais. Pior ainda se for para colocar em ordem de importância.
Quase sempre, depois de publicar, a gente se lembra de algo que deveria ter entrado e ficou de fora.
Sem falar do fato de não ter-se visto tudo de bom que foi exibido no ano e assim a lista perde ainda mais significado e razão de existir. Mas o problema é que todo mundo gosta de listas. E eu acabo me rendendo. Abaixo segue minha lista dos 10 melhores filmes que vi em 2010 e uma breve justificativa. Naturalmente, não está em ordem de importância.
A Origem (de Christopher Nolan): a prova de que cinemão pode ser inteligente e bem amarrado. Um filme instigante que não duvida da inteligência do espectador.
O Segredo dos Seus Olhos (de Juan José Campanella): a narrativa clássica em ótimo estado. Um filme de força surpreendente e técnica impecável.
Abutres (de Pablo Trapero): Intenso, duro, agressivo. Trapero nos atinge com socos e pauladas num filme com cenas de fazer você se segurar na poltrona do cinema. Uma história forte e sem perdão.
Ilha do Medo (de Martin Scorsese): níveis de realidade se confundem numa história de assassinato e paranóia. Um filme que arrasta o espectador para dentro de uma trama sufocante, cheia de suspense e mistério.
Vincere (de Marco Bellochio): o grande cinema italiano, operístico, grandioso. A história por trás da História e a dúvida por trás da dúvida. Interpretações marcantes, fotografia impressionante e uma história força arrebatadora.
Tropa de Elite 2 (de José Padilha): um claro amadurecimento, uma produção de qualidade técnica e com um roteiro instigante e agudo. Wagner Moura no ápice de uma interpretação humana, com tudo que o humano tem de ruim ou incerto.
Tudo Pode dar Certo (de Wood Allen): Allen repete-se a si mesmo, mas é dos poucos que pode fazê-lo com um filme acima da média. O retorno à Nova Yorque e ao personagem neurótico, mal-humorado e brilhante. É mais do mesmo, mas é um mesmo sempre muito bom.
Uma Noite em 67 (de Renato Terra e Ricardo Calil): documentário que tem o mérito de conseguir com grande acuidade reconstituir o espírito de um tempo. Depoimentos reveladores e imagens de arquivo inéditas.
O Profeta (de Jacques Audiard): o submundo da máfia num filme de construção do herói ao avesso. A transformação do personagem de um mero ladrãozinho rasteiro num figurão do crime. Audiad nos entrega um filme de gangster como não se via a algum tempo.
Insolação (de Felipe Hirsch e Daniela Thomas): cinema para poucos. A poesia literária em perfeita integração com a poesia da imagem. Desconexo, sentimental, transbordante. Menos uma narrativa, mais uma experiência. Delicado e cruel. Poesia.
E você? Quais os 10 melhores filmes que você viu em 2010?
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1 comentários:
Estou me tornando grande fã de suas críticas. Parabéns!
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