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“Rebootar” ou não “rebootar”? Quando se trata do novo filme do Homem-Aranha, que reinicia a franquia nos cinemas, a questão ganha destaque. Passados apenas cinco anos desde o encerramento da trilogia dirigida por Sam Raimi – e estrelada por Tobey Maguire – e com tudo ainda fresco na memória dos fãs, a Sony resolveu arriscar e começar tudo de novo.
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Ao recontar o início do herói, o filme vai em busca do que
aconteceu com seus pais e introduz Gwen Stacy (Emma Stone) como par romântico
de Peter Parker. Com exceção desses detalhes, todo o início do novo filme
parece uma repetição do filme de 2002, com os personagens vivenciando as mesmas
situações, mas em circunstâncias diferentes. Da descoberta dos poderes à noção
da responsabilidade que eles trazem, nada de muito diferente acontece.
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Apesar da repetição, razoavelmente aceitável para uma
história que está sendo recontada, o que mais prejudica o filme são os “atalhos”
que o roteiro nos empurra. Atalhos criados para desembaraçar acontecimentos e
fazer a história seguir adiante, mas que soam artificiais e difíceis de
engolir. É como se a produção não se importasse em tramar a história de forma minimamente
inteligente e articulada, criando assim coincidências e situações improváveis
que simplesmente não convencem.
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É que durante os dois primeiros terços da fita, nada de
muito espetacular acontece em termos de ação. Somente perto do fim o filme
libera de verdade todo seu potencial, entregando finalmente alguma vertigem e
emoção. Emoção que, em certo momento, repete o acerto do segundo filme da
antiga franquia, quando se estabelece uma comovente relação entre o herói e alguns
cidadãos de Nova York; além de revelar uma interessante vulnerabilidade do
personagem, que fica sempre bastante ferido na ação.
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Sendo inevitável uma comparação com os filmes anteriores,
pode-se dizer que O Espetacular
Homem-Aranha cumpre seu papel como filme de ação, mas fica ligeiramente
aquém da antiga franquia. Por apresentar um produto que, com muito esforço e
boa vontade, no máximo se iguala ao anterior, não parece haver razão que
justifique um reboot tão cedo, a não ser pela lógica caça-níquel de Hollywood.
Isso não significa que o filme seja ruim, apesar de seus
defeitos. Diz apenas que diante da filosófica questão “rebootar” ou não
“rebootar”, o filme não se sustenta. Talvez fosse melhor esperar mais um pouco.
--
The Amazing Spider-Man
Marc Webb
EUA, 2012
136 min.
Trailer
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