Cowboys & Aliens
John Favreau
EUa/India, 2011
118 min.
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Daniel Craig encarna o forasteiro sem nome, sem destino e,
aparentemente, sem nada a perder. Talvez porque já tenha perdido tudo. Essa
figura é emblemática de gênero; poucos a encarnaram tão bem como Charles Bronson
em “Era Uma Vez no Oeste”, de Sergio Leone (1968).
Craig acorda no meio do deserto. Está ferido e traz no pulso
um bracelete de metal. Não lembra como chegou ali, como se feriu, como
conseguiu o estranho artefato em seu braço, nem seu próprio nome.
Chega a uma pequena cidade para cuidar do estranho ferimento
e tentar descobrir quem é. Em pouco tempo, acaba se envolvendo em confusão por
dar uns sopapos no arruaceiro e mimado filho do homem mais poderoso da região. Até
que finalmente é reconhecido na cidade como Jake Lonergan, um perigoso bandido
procurado vivo ou morto e vai parar na cadeia.
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Entre cowboys, xerifes, ladrões de ouro, cavalos e
diligências, os lasers devastadores, as luzes brilhando no céu e as naves “laçando”,
literalmente, as pessoas, cria-se uma sinfonia bastante peculiar na mistura de
gêneros. A sequência, muito bem orquestrada, impressiona. E o mistério sobre o
forasteiro só aumenta quando na presença das naves invasoras seu bracelete se desdobra
em uma poderosa arma que dispara lasers.
É com essa súbita avalanche de improváveis acontecimentos
que o filme nos coloca dentro do curioso universo de “Cowboys & Aliens”.
Após o ataque, Jake e Dolarhyde irão liderar um grupo de cidadãos que partirá
em busca de seus familiares levados pelos estranhos objetos voadores.
Estão lá os desfiladeiros, os índios, as colts. Mais do que
isso, está o espírito do velho oeste. É essa construção de gênero que faz do
filme uma experiência positiva. Ao caprichar na composição do western com seus
planos abertos de grandes paisagens, ao caracterizar com acuidade os
personagens dentro da mitologia desse universo, o filme ganha estofo e
fundamento. Os aliens aqui, felizmente, são só o complemento exótico. A pegada
é toda western.
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Harrison Ford e Daniel Craig não fazem feio ao encarnar
personagens marcantes do bom “bang bang”. Seus rostos duros e vincados, pelo
tempo e pela anatomia, servem muito bem ao gênero. Com o sucesso da empreitada,
não deve demorar a vir uma continuação. Para um filme que se mostrou
surpreendentemente bem acabado e bem dosado, é torcer para que isso não se
perca no próximo. Nada seria pior do que um futuro título como “Cowboys &
Aliens vs. Predador”.
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